Exportações de carne suína: queda na competitividade é reflexo do câmbio

Publicado em 06/05/2011 10:34

As exportações brasileiras de carne suína, em abril, caíram um pouco – 0,60%, em relação ao mesmo período de 2010. No acumulado do ano, a queda foi de 4,30%. Em receita, porém, as vendas externas de carne suína aumentaram 9,99%, em abril, e 7,16% nos quatro primeiros meses deste ano. O Brasil exportou 50,95 mil toneladas e faturou US$ 145, 41 milhões, em abril. De janeiro a abril, os embarques somaram 169,11 mil toneladas, e a receita ficou em US$ 456,49 milhões. Houve um aumento no preço médio de 10,66% em abril, na comparação com abril do ano passado.

As exportações para a Rússia, principal mercado do Brasil, caíram 16,95% de janeiro a abril, em volume, e 4,41% em valor, no mesmo período. Os principais destinos da carne suína brasileira, nos quatro primeiros meses do ano, foram: Rússia (68,22 mil t); Hong Kong (33,72 mil t); Argentina (13,33 mil t); Angola (11,31 mil t); Ucrânia (9,71 mil t).

“Os números de abril não surpreenderam. Os volumes continuam relativamente estabilizados, com redução, quando comparados aos do ano passado. Felizmente, os preços unitários permanecem em ascensão, compensando a distorção cambial. O Brasil perde, porém, oportunidades de vendas e crescimento”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína- ABIPECS, Pedro de Camargo Neto.

Modelo anterior se esgotou - “O governo federal, herdeiro dos desajustes da política macroeconômica simplista dos últimos anos, começa a promover mudanças, mais levado pelas circunstâncias do que como reflexo da mudança de presidente da República e presidente do Banco Central. O modelo anterior se esgotou”, avalia Camargo Neto. Segundo ele, “parece evidente que o aumento dos juros se tornou insuficiente para segurar a famigerada inflação. A alta externa dos preços das commodities e seus reflexos internos, em particular nos preços dos alimentos, bem como as altas nos preços administrados ficam imunes ao aumento dos juros. Os preços dos serviços estão vinculados ao aumento da atividade econômica”.

O presidente da ABIPECS tem se detido na análise da conjuntura econômica brasileira e ressalta que a “política de juros altos se esgotou, ou melhor, havia se esgotado faz muito tempo”. Segundo ele, “o maior juro do mundo existente no país continua atraindo o capital externo especulativo, que procura aqui remunerações inexistentes no exterior. Coube à nova gestão começar a reconhecer que a velha política do juro alto se esgotou. Tivesse o governo federal reconhecido, há mais tempo, a limitação de atuar somente com juros, estaríamos hoje em melhores condições. Falta agora coragem e competência para alterar a política”.

Herança de desajustes – Pedro de Camargo Neto diz que “longe de querer menosprezar a relevância dos ganhos obtidos no passado é preciso destacar a herança de desajustes recebidos pelo novo governo. O Brasil continuou com um dos juros mais altos do mundo mesmo quando vivemos anos de estabilidade e crescimento econômico. O Brasil continuou com sérios problemas fiscais mesmo quando assistimos aumentos importantes de arrecadação tributária. O Brasil continuou com séria distorção cambial que vem facilitando a concorrência predatória com produtos importados e inibindo a competitividade das exportações”.

“É preciso sair do simplismo” – Na opinião do presidente da ABIPECS, os anos recentes foram desperdiçados na procura de um melhor equilíbrio macroeconômico. Insistiu-se, segundo ele, na tecla única do permanente aumento dos juros. “É preciso avançar e sairmos do simplismo do aumento de juros, pois os efeitos colaterais negativos são hoje maiores do que os benefícios. É preciso compreender a evolução da economia, criando instrumentos que permitam crescimento sem perder a estabilidade conquistada”, avalia Pedro de Camargo Neto.

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Fonte:
ABIPECS

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