Trigo: Demora na divulgação do plano safra preocupa produtores, diz presidente da Fecoagro/RS

Publicado em 04/04/2012 15:36
Representantes do setor produtivo da região Sul estão preocupados com a demora do governo federal em divulgar o plano safra das culturas de inverno.
“O Paraná já começou a plantar o trigo e no Rio Grande do Sul isso deverá ocorrer a partir do início de maio, pelo sul do Estado, conforme o zoneamento agrícola. Mas não temos ainda nenhuma definição em relação à safra 2012. Nós entendemos que as medidas devem ser anunciadas o quanto antes sob pena do produtor  ficar desamparado em relação a preço, custeio, seguro rural, logística, entre outros itens”, afirmou o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro/ RS) e coordenador da Câmara Técnica das Culturas de Inverno, Rui Polidoro. Ainda de acordo com ele, há a possibilidade da Câmara Técnica solicitar uma reunião extraordinária para discutir o assunto, caso o plano não seja anunciado até o dia 15 de abril, conforme previsto pelo Ministério da Agricultura.  

Área – Os dois estados do Sul são responsáveis pelo cultivo da maior parte das pouco mais de 5 milhões de toneladas de trigo produzidas no Brasil. Na safra passada, o Rio Grande Sul assumiu a liderança nacional, colhendo 2,6 milhões de toneladas e, neste ciclo, os triticultores gaúchos planejam aumentar entre 10% e 14% a área, que deverá atingir 1,860 milhão de hectares. Já no Paraná, a área com o cereal deverá diminuir cerca de 17%, conforme a última estimativa do Departamento de Economia Rural da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab/Deral), abrangendo 871.750 hectares cultivados. Apesar disso, a expectativa é de que, se o clima colaborar, produção paranaense poderá superar em cerca de 2% o resultado da safra passada, atingindo um volume de 2,48 milhões de toneladas. 

Importância – Para Polidoro, o governo não tem tratado a cultura do trigo como ela merece. “O trigo é extremamente importante para o país. Hoje, nós importamos 50% das nossas necessidades. Por outro lado, se analisarmos a cadeia de diferentes produtos em relação à geração de empregos e renda, acredito que, em primeiro lugar, vem a do leite onde, segundo dados, cada produtor multiplica por seis o número de empregos até o final da cadeia. Em segundo vem o trigo, que multiplica esse número não por seis, mas por cinco. Ao  meu juízo, a atenção dispensada pelo governo a esse produto está muito aquém do que deveria ser”, afirmou. “Nós temos batalhado há anos diante dessa situação. Melhoramos a pesquisa, a logística, a produção e a produtividade. Mas há coisas que o governo é que tem que dizer. Como, por exemplo, como vamos competir com países onde há um incentivo à produção e exportação desse produto, inclusive com subsídios? Não há como. As definições sobre a cultura estão muito demoradas e nós precisamos nos posicionar para agilizar que elas sejam anunciadas, se possível, antes do plantio”, frisou ainda. 

Leite – Rui Polidoro esteve na sede do Sistema Ocepar, em Curitiba, na manhã desta terça-feira (03/04), quando se encontrou com o presidente João Paulo Koslovski e com o gerente técnico e econômico, Flávio Turra. Ele veio à capital paranaense para participar de uma reunião dos Conselhos Paritários de Produtores e Indústrias de Leite (Conseleite) dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo Polidoro, o encontro visa discutir temas ligados à Instrução Normativa nº 62/2011, do Ministério da Agricultura, que estabelece padrões de produção e qualidade do leite. Também estará em debate o Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 80/11, que obriga os laticínios a informar ao produtor rural o preço pago pelo litro do leite até o dia 25 do mês anterior à entrega, e que está em tramitação no Senado Federal. “Nós entendemos que quem deve fazer esse anúncio dos preços são os Conseleites, baseados nos dados na pesquisa e em levantamentos anteriores, como já está sendo feito. Nós achamos que é mais lógico porque nos conselhos estão representados os produtores, além da indústria, ou seja, toda a cadeia produtiva”, disse Polidoro. Ainda de acordo com ele, a reunião dos Conseleites do Sul vai ainda abordar as importações de produtos lácteos.

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Fonte: Ocepar

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