Arroz: a tendência baixista dos preços mundiais deve continuar

Publicado em 14/01/2013 07:25
Em dezembro, os preços mundiais continuavam enfraquecidos devido à influência dos preços vietnamitas em queda. Por outro lado, os preços tailandeses e norte-americanos se mantiveram estáveis novamente. As colheitas asiáticas se anunciam favoráveis e as condições de abastecimento são boas. A oferta de exportação deve assim continuar sendo amplamente suficiente para responder à demanda mundial, a qual poderia ser menor em relação ao nível recorde de 2012. Quase todos os grandes importadores asiáticos têm anunciando objetivos de autoabastecimento. Mesmo que estes objetivos não possam ser alcançados em médio prazo, países como Nigéria, Indonésia e Filipinas veriam suas importações baixar em 2013. Uma incerteza persiste acerca da continuação, ou não, da política tailandesa de preços internos e do que se fará com a “montanha” de arroz acumulada pelo governo. Vendas massivas poderiam contribuir para uma queda brutal dos preços mundiais. Por outro lado, o mercado segue de perto a demanda chinesa, que continua crescendo desde 2010.

En dezembro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu 5,0 pontos para 242,4 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 247,4 pontos em novembro. No início de janeiro, o índice IPO tendia a se reafirmar.

Produção e Comercio Mundiais
Segundo a FAO, a produção mundial em 2012 cresceu ligeiramente 1% para 730 milhões de toneladas (487Mt base arroz branco) contra 723,7Mt de arroz em casca em 2011. Esta estabilidade se deve ao equilíbrio entre as colheitas asiáticas. Os bons resultados na China, Indonésia e Tailândia deveriam compensar o declínio da produção na Índia. Na África, a produção aumenta, sobretudo no Egito, que deve retornar ao mercado de exportação. Na África subsaariana, a produção aumentou também, sobretudo nas regiões ocidentais. Enquanto isso, na América do Sul e especialmente no Cone Sul, a produção pode cair 10%.

O comércio mundial terá finalmente alcançado um novo recorde em 2012, com um volume de 38,5Mt, 6% a mais que o recorde anterior, de 2011. Em 2013, as previsões indicam, por enquanto, um declínio de 3% para 37,4Mt, o que seria superior à média dos três últimos anos. Os estoques mundiais de arroz no final 2012 chegaram ao nível histórico mais alto, de 159,3Mt, aumento de 11% em relação ao final de 2011. As perspectivas para 2013 indicam uma nova alta, para quase 170Mt. Estas reservas representariam assim 36% das necessidades mundiais, a mais alta relação observada nos últimos dez anos.

Mercado de Exportação
Na Tailândia, os preços se mantiveram relativamente estáveis, exceto para o arroz parboilizado, o qual baixou 3% em um mês. A política de preços internos, muito popular entre os produtores, gerará consequências negativas para o orçamento público e para a posição da Tailândia no mercado mundial. O sobrecusto para o Estado supera os 8 bilhões de dólares, ou 1,3% do PIB do país, e no total, apesar das vendas mais ativas em dezembro, as exportações tailandesas despencaram 40% em 2012 para 6,8Mt contra 10,7Mt em 2011. O governo não parece retroceder em sua política, apostando em uma retomada, ainda que pouco provável, dos preços mundiais. Em dezembro, o Tai 100%B foi cotado a US$ 559/t Fob, estável em relação a novembro. Já o Tai parboilizado caiu para $ 564/t contra $ 581. De sua parte, o quebrado A1 Super esteve ligeiramente mais firme a $ 503/t contra $ 500 anteriormente. No início de janeiro, os preços tailandeses permaneciam estáveis.

No Vietnã, os preços de exportação continuaram a trajetória baixista iniciada em meados de novembro, sob pressão da competição com a Índia e de menores vendas. Em dezembro, os preços caíram 7% em relação a novembro. Não obstante, apesar das vendas mais fracas durante o último trimestre, as exportações vietnamitas em 2012 subiram 10% em relação a 2011, alcançando assim o objetivo de 7,7Mt definido pelas autoridades do país. Em dezembro, o Viet 5% marcou $ 413/t contra $ 448 em novembro. O Viet 25% baixou para $ 385/t contra $ 415.

Na Índia, os preços tiveram poucas variações, ficando mais firmes no final do mês devido a preços internos mais altos. Em 2012, as exportações haviam ultrapassado o nível recorde de 10Mt, atingindo assim o primeiro lugar no ranking mundial, a frente do Vietnam e da Tailândia, a qual perde provisoriamente a liderança que detinha há quase 25 anos. Em 2013, apesar das projeções que indicam vendas menores, a Índia deve situar-se novamente nos primeiros lugares do ranking do comércio mundial de arroz. Em dezembro, o arroz indiano 5% foi cotado a $ 433/t contra $ 431/t em novembro. O arroz indiano 25% registrou $ 383/t contra $ 384 anteriormente.

No Paquistão, os preços também continuaram baixando sob pressão da Índia. As vendas de arroz aromático caíram também, devido aos altos custos de produção. No total, as exportações em 2012 recuaram 30% em relação a 2011. Em dezembro, o Pak 25% foi cotado a $ 362/t contra $ 374/t em novembro.

Nos Estados Unidos, os preços de exportação continuam estáveis. No final de 2012, o mercado externo se mostrou mais ativo, com vendas mensais de quase 300.000t. As novas projeções para a safra 2012/2013 indicam um ligeiro incremento nas exportações, graças a uma produção que tende a melhorar, mas que se manterá inferior ao nível médio das três últimas colheitas.

Em dezembro, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 se manteve em $ 595. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros caíram 2%, em função de uma escassa atividade durante as festas de fim de ano. No início de janeiro, os preços se mostravam mais firmes. No Mercosul, os preços de exportação também continuam estáveis dentro de um mercado pouco ativo por causa de escassas disponibilidades exportáveis. Além disso, as perspectivas para 2013 indicam uma redução da produção, o que pode influenciar os preços de exportação. No Brasil, os preços internos continuaram caindo, cedendo 6% em um mês. No início de janeiro, os preços do arroz em casca brasileiro tendiam a se estabilizar ao redor de US$ 340/t.

Na África subsahariana, as condições climáticas e de desenvolvimento dos cultivos foram favoráveis em 2012. Mas o incremento da produção será ainda insuficiente para responder à demanda adicional, que aumenta 6% ao ano, em função de uma influencia dupla: a demográfica e a evolução do consumo per capita. As importações podem, assim, aumentar 10% em 2013 para alcançar mais de 12Mt, um terço das importações mundiais.

O informativo mensal é elaborado por Patricio Méndez del Villar, pesquisador do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD, www.cirad.fr) da França.
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InfoArroz

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