Aceleração da colheita reduz preços ao produtor

Publicado em 27/02/2013 09:43
O mês de fevereiro vai chegando ao final com uma das mais fortes retrações de preços do ciclo 2012/13, acumulando até esta terça-feira (26/2) uma queda de 5,24%, segundo o indicador de preços do arroz em casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa, para o grão padrão 58x10, em sacas de 50 quilos. A cotação média neste dia foi de R$ 32,57, exatos 99 centavos abaixo da cotação média da segunda-feira (25/2). Em dólar, a cotação também é a mais baixa do ano, levando em consideração a taxa cambial do dia: US$ 16,42/50kg.

A desvalorização ocorre pela aceleração do processo de colheita no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina – também com reflexos do avanço da safra do Cone Sul. À medida que a colheita avança, mais aproxima-se o momento em que o arroz da nova safra será ofertado no mercado, pressionando os preços para baixo. Ou seja, a boa safra gaúcha - e o volume de oferta e depósito concentrado neste período - deve gerar um impacto ainda maior nos preços nas próximas semanas e, estima-se, pelo menos até o início de maio, período em que devem permanecer abaixo ou muito próximos do custo médio de produção.

Dois assuntos concentraram as atenções durante a 23ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, realizada em Restinga Sêca (RS), entre os dias 21 e 23 de fevereiro (quinta a sábado), últimos: o estabelecimento de cotas de importação e a necessidade de o Brasil manter as exportações, principalmente no primeiro semestre, para garantir bons preços no segundo semestre. O consultor de mercado, Tiago Sarmento Barata, destacou que a ideia inicial do estabelecimento de cotas no volume proposto – 800 mil toneladas em oito meses, a partir de julho – concentrará as importações e poderá ser um tiro pela culatra, impedindo as cotações internas de avançarem, entre outros problemas que a medida pode trazer.

Além disso, frisou que a queda de preços no primeiro semestre – por causa do aumento da oferta - é justamente o que torna viável exportar grão brasileiro a preços competitivos e garante o ajustamento da oferta. Lembrou também que, apesar dos estoques mais baixos dos últimos anos, 2013 pode ter uma ação tão forte do governo federal ofertando arroz no mercado, quanto em 2012, como forma de conter uma alta mais substancial ao consumidor. O câmbio, com o Real mais fortalecido perante o dólar, também pode ser um complicador das exportações e fator de compra internacional pelo varejo e as indústrias. Entende que o Brasil deveria concentrar seu foco na redução de tributos para o produto nacional, custos de produção, burocracia e reduzir os gargalos portuários, como forma de ganhar competitividade. O governo federal acenou com redução de impostos para produtos da cesta básica, o que pode beneficiar o arroz.

Por outro lado, o momento é relativamente complexo para as exportações nacionais. Com uma ótima safra de soja anunciada, o Rio Grande do Sul enfrenta dificuldades para escoar arroz. Um importante agente de mercado informava, na Abertura da Colheita, que poderia pagar no sábado passado até R$ 35,00 por saca (colocada no Porto de Rio Grande) pelo arroz, que estava buscando o produto, havia vendedores interessados no negócio, mas não há espaço para depositar o grão no porto, pois a prioridade é a soja.

O Banco do Brasil também anunciou no final de semana recursos para pré-custeio, comercialização e Empréstimos do Governo Federal (EGFs). São linhas que poderão servir para alguns produtores rolarem compromissos deste início de colheita. O foco do setor produtivo, no momento, está direcionado para três ações: o estabelecimento de cotas de importação do Mercosul, a redução da carga tributária sobre o arroz - ao longo da cadeia produtiva – e seus insumos e a redução dos encargos, burocracia e custos para a exportação. A expectativa dos principais analistas do setor é de que os preços sigam em baixa nas regiões produtoras, com reflexos no restante do Brasil, pelo aumento gradativo da oferta do grão ou do volume depositado.

SAFRA

A colheita gaúcha deve alcançar 10% de área colhida até a próxima semana, quando as máquinas deverão acelerar o processo. As baixas temperaturas estão causando uma renda menor do a esperada neste início de colheita, com produtividades abaixo das 6 toneladas por hectare em áreas consideradas nobres. O frio provocou o abortamento das flores e afetou negativamente o enchimento de grãos.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 33,50 para a saca de arroz de 50 quilos (58x10), em casca, no Rio Grande do Sul. Para o grão beneficiado, em sacas de 60 quilos, a referência é de R$ 67,00 (FOB/RS). Os quebrados de arroz tiveram comportamento diferenciado nos últimos 10 dias. O canjicão perdeu 50 centavos por saca, atualmente cotado a R$ 36,50 (60kg/FOB). Também em sacas de 60 quilos (FOB), a quirera de arroz é cotada a R$ 34,00 no Rio Grande do Sul, com preço estável. Já o farelo de arroz (FOB/Arroio do Meio), manteve-se em R$ 370,00 a tonelada.

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Fonte:
Planeta Arroz

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