Mais arroz com menos água

Publicado em 25/03/2013 09:30
A escassez de água é uma realidade da biosfera, o que torna importante o desenvolvimento de estratégias que aumente a eficiência de seu uso, especialmente, nas lavouras de arroz irrigado. Uma vez que a demanda por arroz é crescente devido ao contínuo aumento da população e a água está cada vez mais escassa em nível mundial, faz-se necessário produzir mais arroz com menos água. Neste dia 22, mundialmente comemorado pela presença da água no planeta –um recurso esgotável – a Embrapa Clima Temperado, em Pelotas/RS, contribui com estratégias para seu melhor aproveitamento.

As lavouras de arroz irrigado no Estado gaúcho, em especial em quatro regiões distintas (Planície Costeira Externa, Campanha, Depressão Central e Fronteira Oeste) têm apresentado um histórico de restrição hídrica para a cultura, ocasionado pelo déficit de chuvas e também pelas condições topográficas, que tem resultado na redução de acúmulo de água nos rios, arroios e reservatórios naturais.

As estratégias da pesquisa visam racionalizar o uso dos recursos hídricos na orizicultura. As recomendações das cultivares BRS Atalanta, BRS Querência e atualmente a BRS Pampa, recentemente lançada, são indicadas para a obtenção de maior eficiência no uso da água de irrigação por apresentarem ciclo menor. Outra possibilidade é a adoção dos manejos de água intermitente e aeróbico como opções de irrigação, em substituição ao manejo convencional.

De acordo com o pesquisador José Alberto Petrini, a cultivar superprecoce BRS Atalanta apresenta redução entre 10 e 20 dias no período de irrigação em relação às cultivares de ciclo precoce e médio. “Esta cultivar consegue, durante o período de irrigação (65 dias), reduzir de volumes de água que variam de 720 a 1440 m3/ha”, considerou. O comparativo se deu entre cultivares de ciclo médio e precoce, não sendo observadas diferenças nas produtividades. “Quebramos com um paradigma de que as cultivares de ciclo mais curto, seriam menos produtivas que as de ciclos mais longos”, destaca o pesquisador Ariano Martins de Magalhães Júnior.

Outro detalhe destacado por Petrini é o volume e percentual de redução da água utilizada durante o período de irrigação. As cultivares de ciclo médio, como a BRS 7 Taim chegou a 12.000 m3/ha; a de ciclo precoce, a BRS Querência, com 10.590 m3/ha, enquanto que a de ciclo superprecoce, a BRS Atalanta, alcançou 9.180m3/ha. “Os experimentos nos mostraram que as cultivares de ciclo precoce economizam 12% de volume da água, enquanto que as superprecoces, 23,5%”, explicou. O estado de emergência de maturação das plantas é que faz todo o diferencial.  Segundo os especialistas, a BRS Atalanta leva 100 dias para chegar à maturação, o que antecipa um mês em comparação as demais, isto é, usa-se menos água para concluir seu ciclo produtivo.

Entre as estratégias de manejo para reduzir o uso da água na cultura, os pesquisadores recomendam três alternativas de irrigação: o sistema convencional, o intermitente e o aeróbio.

O convencional estabelece um nível da lâmina de água em 7,5 cm, mantendo-a até a fase de maturação dos grãos; o intermitente, usa a mesma marca de nível da lâmina de água, 7,5 cm, mas deixa secar naturalmente até a diferenciação da panícula e depois da segunda cobertura de nitrogênio, retorna com a irrigação até o final do ciclo. Quanto ao sistema aeróbio, mantém-se o solo sempre encharcado durante todo o ciclo da cultura. “Não existe um melhor sistema, mas temos possibilidades de direcionar parte da lavoura com sistemas diferentes de irrigação e atender as diferentes condições edafoclimáticas (solo e clima) de cada região”, considerou Ariano.

Entretanto, o sistema intermitente tem demonstrado potencial na eficiência do uso da água, pois utiliza menor volume, menor intervalo de duração de dias de irrigação e uma produtividade satisfatória. “É preciso não esquecer que a estratégia de irrigação deve ser adequada às características de cada lavoura”, destacou.

Outra contribuição da pesquisa da Embrapa Clima Temperado é o desenvolvimento de tecnologias para produção de arroz irrigado por aspersão, sob pivô linear. As produtividades de grãos obtidas neste sistema têm se mostrado comparáveis às de lavouras irrigadas por inundação. Pesquisas iniciais sinalizam uma economia de água ao redor de 40% a 50% para cultivos de arroz sob aspersão, em comparação ao sistema irrigado por inundação.

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Embrapa

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