Indústria gaúcha pede liberação de estoques de arroz do governo

Publicado em 26/05/2014 11:16
Medida serviria para equalizar oferta e neutralizar efeitos da exportação do produto em casca

A indústria gaúcha de arroz encaminha nesta segunda-feira em Brasília (DF), durante reunião da Câmara Setorial Nacional do Arroz, e também junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) um pedido para que o governo federal intervenha no mercado brasileiro, liberando o cereal dos estoques públicos em leilões de oferta. O pedido está baseado em duas questões polêmicas: em primeiro lugar, a equalização da oferta, uma vez que os preços internos da matéria prima estão altos (na faixa de R$ 37,00 ao produtor no RS) e o repasse deste valor não é aceito pelos varejistas.

A oferta interna também é restrita, pois os agricultores estão fracionando as vendas. Além disso, o Brasil se tornou um grande exportador de arroz em casca nos últimos meses. Em 40 dias, cinco navios embarcaram 110 mil toneladas do cereal em casca em Rio Grande. Parte da indústria discorda dessa prática e entende que o governo federal deve criar medidas para restringir a venda de matéria-prima, pois o ideal é que haja o beneficiamento no Brasil, gerando renda e empregos no país. Mas, mesmo alguns dirigentes industriais entendem que o importante é que o Brasil exporte 1 milhão de toneladas de arroz, incluindo produto em casca, para manter preços estáveis e remuneradores no mercado interno.

A posição foi discutida na última quarta-feira, em reunião da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), no CTG José Bonifácio Gomes, em Cachoeira do Sul (RS), durante a programação da Feira Nacional do Arroz (Fenarroz). O setor produtivo ainda não de posicionou publicamente. O governo federal dispõe de pouco mais de 600 mil toneladas de arroz em estoques reguladores para intervir no mercado se houver necessidade. Dentro da cadeia produtiva há segmentos que acreditam que uma intervenção de até 200 mil toneladas poderia acomodar as coisas ainda neste primeiro semestre do ano-safra, mas algumas lideranças consideram que fracionar a oferta enfraqueceria a posição do governo.

Com uma safra menor do que o esperado no Rio Grande do Sul (apesar dos números da Conab ainda não indicarem essa realidade) e a previsão de El Niño forte para a próxima safra, o governo pode perder poder de fogo com os estoques mais baixos. De qualquer maneira, no Nordeste, a importação de arroz do Vietnã e da Tailândia por grandes redes varejistas e industriais está trazendo preocupações ao setor. E serve como limitador de teto para as indústrias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina naquele importante mercado.

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Fonte: Planeta Arroz

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