Isenção de tarifa de importação para trigo só deve ser discutida em 2018, diz Camex

Publicado em 08/11/2017 17:10

SÃO PAULO (Reuters) - O governo brasileiro deverá voltar a analisar somente em 2018 um pedido da indústria de trigo para isentar de tarifa de importação uma cota de 750 mil toneladas do cereal produzido fora do Mercosul, informou nesta quarta-feira a Secretaria-executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex).

O assunto poderia ser discutido na reunião de ministros da Camex desta quarta-feira, mas saiu da pauta --o órgão não detalhou o motivo.

A próxima reunião da Camex deverá acontecer somente no próximo ano, informou órgão, sem indicar uma data.

Na hipótese da aprovação da isenção da tarifa de 10 por cento para a cota de 750 mil toneladas, exportadores do Hemisfério Norte, como os Estados Unidos, poderiam se beneficiar.

Mas isso pode ser negativo para a Argentina, principal fornecedor do trigo ao Brasil, e outros parceiros comerciais do Mercosul, que vendem aos brasileiros livres de taxa.

Na véspera, o governo da Argentina havia publicado uma nota no site do Ministério da Agroindústria dando conta de que o Brasil teria abandonado planos de permitir uma cota livre de tarifa para o trigo de fora do Mercosul.

A decisão teria ocorrido, segundo a nota, após uma série de negociações entre o Brasil e a Argentina, que incluíram o ministro da Agricultura brasileiro, Blairo Maggi.

"O trigo é um produto emblemático no comércio bilateral e um pilar da integração regional", afirmou a secretaria de Mercados Agroindustriais da Argentina, Marisa Birche, na nota.

"Portanto, devemos evitar a adoção de medidas unilaterais que beneficiem o ingresso deste produto de outros mercados, especialmente quando os sócios do Mercoul estão em condições de abastecer o Brasil com volumes e qualidades requeridos e a preços competitivos."

A solicitação para uma cota livre de tarifa do produto de fora do Mercosul foi feita inicialmente pelo Ministério da Agricultura, após o Brasil registrar uma quebra de safra do cereal em razão de adversidades climáticas e redução na área plantada de quase 10 por cento na comparação com 2016.

A produção brasileira em 2017 foi estimada pelo governo brasileiro, em outubro, em 4,88 milhões de toneladas, redução de 27,4 por cento na comparação com 2016, quando o país obteve um recorde de 6,7 milhões de toneladas, o que desestimulou o plantio neste ano em meio a preços mais baixos.

Procurado, o Ministério da Agricultura não comentou o assunto imediatamente.

AÇO

Um pedido da indústria siderúrgica brasileira para implementação de uma tarifa antidumping contra laminados planos de aço da China e da Rússia também deverá ser analisado na próxima reunião da Camex, segundo o órgão.

(Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira; com reportagem adicional de Maximiliano Rizzi, em Buenos Aires)

Tags:

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Novas variedades de amendoim são apresentadas aos produtores de amendoim do Oeste Paulista
Demanda por feijão de qualidade sustenta preços do mercado brasileiro
Mercado de arroz permanece pouco ofertado e com preços firmes no Sul do país
Paraná inicia colheita da segunda safra com perspectiva de recorde para a produção de feijão
Ibrafe: Há a chance de recorde de exportação de Feijão-preto