Seca reduz em 16% safra de soja do RS e em 21% a de milho; novas perdas à vista

Publicado em 03/03/2020 14:01

SÃO PAULO (Reuters) - A estimativa da safra de soja do Rio Grande do Sul, tradicionalmente o terceiro produtor do Brasil, foi reduzida em 16% nesta terça-feira, para 16,5 milhões de toneladas, por efeitos da seca que atingiu o Estado na temporada 2019/20, segundo pesquisa da Emater-RS.

A produção de milho do Rio Grande do Sul, que planta o cereal somente na primeira safra, sendo normalmente o principal produtor nacional do grão na colheita de verão, foi estimada em 4,7 milhões de toneladas, queda de 21% ante a projeção inicial, segundo a Emater, o órgão oficial de estimativas.

A falta de chuva também afetou as safras de feijão e de arroz, em menor escala. Mas o tempo seco indica ainda riscos para as safras de verão, apontou o secretário Estadual da Agricultura, Covatti Filho.

"Nós vemos algumas perdas muito significativas, em decorrência da estiagem, que ainda deixa o Rio Grande do Sul em alerta", disse ele, durante a feira Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS).

"Podemos ter ainda um agravamento dessa estiagem nos próximos dias, que apresentam uma expectativa de previsão do tempo sem chuvas e que poderá transformar essa estiagem em seca, agravando ainda mais os reflexos negativos na safra de verão", disse ele, segundo comunicado.

O Rio Grande do Sul é um dos poucos Estados a apresentarem problemas com a seca neste ano, enquanto outras regiões têm registrado chuvas abundantes que estão impulsionando as produtividades da soja e garantindo uma safra recorde da oleaginosa até o momento, de acordo com analistas.

Até meados do mês passado, algumas consultorias viam a safra do Brasil, maior exportador mundial de soja, que deve se consolidar também como maior produtor em 2019/20, acima de 125 milhões de toneladas.

Com os problemas da seca, o Rio Grande do Sul deverá perder para Minas Gerais o posto de maior produtor de milho na primeira safra --essa colheita, aliás, tem ajudado indústria de carnes, diante de estoques apertados do cereal que impulsionaram os preços recentemente.

No caso da soja, em comparação com a safra passada (2018/19), a estimativa indica redução de 10% na produção, por ora.

Ainda assim, esta será ainda a quinta maior safra de verão da história do Rio Grande do Sul, segundo a Emater.

Os efeitos da estiagem também afetaram as demais culturas de verão, como o feijão e o arroz.

A estimativa de safra de arroz já sofreu redução de 1,5%, para 7,4 milhões de toneladas, disse a Emater.

(Por Roberto Samora)

Tags:

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Novas variedades de amendoim são apresentadas aos produtores de amendoim do Oeste Paulista
Demanda por feijão de qualidade sustenta preços do mercado brasileiro
Mercado de arroz permanece pouco ofertado e com preços firmes no Sul do país
Paraná inicia colheita da segunda safra com perspectiva de recorde para a produção de feijão
Ibrafe: Há a chance de recorde de exportação de Feijão-preto