Arroz: EUA vendem 30 mil t ao Brasil após tarifa ter sido zerada

Publicado em 17/09/2020 17:10 e atualizado em 17/09/2020 19:57

Por Roberto Samora

SÃO PAULO, 17 Set (Reuters) - Os Estados Unidos reportaram nesta quinta-feira uma atípica venda de 30 mil toneladas de arroz ao Brasil, após o governo brasileiro ter zerado a tarifa para uma cota de 400 mil toneladas, diante de preços recordes do cereal no país sul-americano.

O volume da carga negociada salta aos olhos, uma vez que o Brasil tem comprado anualmente apenas algumas centenas de toneladas de arroz dos EUA nos últimos anos, conforme dados do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA).

O total comercializado aos brasileiros se assemelha ao volume de 35,5 mil toneladas registrado para venda pelos EUA ao Brasil em todo o ano de 2010.

Antes disso, segundo dados do USDA, o Brasil tinha comprado grandes volumes do produto norte-americano apenas em 2003, quando o ano fechou com vendas de cerca de 486 mil toneladas.

Na semana passada, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, havia manifestado expectativa de que os EUA fornecessem arroz ao Brasil, além da Tailândia, com a isenção das tarifas (de 10% a 12%, para o cereal em casca e beneficiado, respectivamente) dentro da cota, que vale até o final do ano.

A cota sem tarifa é vista pelo governo como uma forma de aliviar os preços para os consumidores no Brasil.

A cotação da saca de 50 kg do arroz no Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro, atingiu um recorde de 105,81 reais na semana passada, e desde então o valor do produto está oscilando próximo a essa faixa.

Normalmente, o Brasil importa arroz de países do Mercosul, que vendem o produto com taxa zero.

Mas um dólar forte frente ao real ao longo de 2020 tornou importações mais caras, assim como estimulou exportações, em um ano em que o consumo do cereal aumentou fortemente, com as famílias elevando compras do produto em meio a medidas de isolamento.

Além disso, o pagamento do auxílio emergencial para a população mais necessitada, em função da pandemia, também ajudou a impulsionar o consumo.

Nesta quinta-feira, a ministra disse que o consumo de arroz no Brasil aumentou 15%, e indicou ainda que a isenção da tarifa de importação deverá colaborar para reduzir custos dos consumidores.

(Por Roberto Samora, com reportagem adicional de Karl Plume em Chicago)

Tags:

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Novas variedades de amendoim são apresentadas aos produtores de amendoim do Oeste Paulista
Demanda por feijão de qualidade sustenta preços do mercado brasileiro
Mercado de arroz permanece pouco ofertado e com preços firmes no Sul do país
Paraná inicia colheita da segunda safra com perspectiva de recorde para a produção de feijão
Ibrafe: Há a chance de recorde de exportação de Feijão-preto