“Um resultado impressionante”: colheita de triticale desenvolvido pelo IDR-Paraná supera expectativas

Publicado em 17/11/2020 13:20
Produtor rural conseguiu resultados acima dos esperados ao colher o triticale desenvolvido por pesquisadores do Instituto

O produtor rural de Londrina e presidente da Sociedade Rural do Paraná, Antônio Sampaio, já colheu e vendeu todo o triticale que plantou neste ano. Foram 144 hectares plantados com o triticale IPR Aimoré, desenvolvido pelos pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná).

Trabalhando há mais de 20 anos com o grão, o produtor decidiu trocar a variedade antes do plantio da última safra de inverno porque queria um triticale mais precoce. “Eu sempre planto o triticale nas áreas marginais, mais baixas e que têm menos risco de geadas. As áreas mais altas, eu reservo para o trigo. Eu liguei para o Riede, pesquisador do IDR-Paraná, e perguntei se ele tinha uma variedade que fosse mais precoce e foi então que ele me sugeriu o IPR Aimoré. Deixei de plantar as antigas variedades, que também haviam sido desenvolvidas pelo IDR, a IAPAR 23 – Arapoti e a IPR 111 e troquei confiando na orientação dele”, fala Sampaio.

A dica do pesquisador do Instituto, Carlos Riede, para Sampaio foi valiosa. O produtor teve uma produtividade média de 71 sacas por hectare. “Eu fiquei impressionado com o resultado. Foi realmente muito bom. Eu tive uma facilidade enorme para comercializar por causa da quantidade e da qualidade do produto”, comenta Sampaio.

O produtor rural vendeu o triticale para uma empresa que produz biscoitos e garante que o sucesso dessa venda se deu às características do Aimoré: “Esta cultivar foi bem mais precoce, chegou mais rápido ao ponto, foi mais produtiva e bateu melhor na máquina, não deixou cachos. Além disso, tive a sorte de o tempo ter ficado seco na época da colheita, o que colaborou para o preparo do triticale para a venda”.

Pesquisa
Para chegar neste ponto, foram anos de pesquisa. O engenheiro agrônomo Carlos Riede, pós-doutor em melhoramento genético vegetal e pesquisador voluntário do IDR-Paraná, foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento desta nova variedade. “Nós recebemos uma demanda para produzir um triticale precoce e que fechasse o ciclo de maturação em até 115 dias para ser plantado em abril e colher antes de setembro, na época de chuvas. As outras cultivares de triticales eram mais tardias”, conta Riede.

O desenvolvimento desta linhagem levou cerca de dez anos de pesquisas. “São diversas gerações que são levadas a campo, de seleções e re-seleções, até que uma linhagem avançada seja formada e comece a se fazer as avaliações de rendimento, sanidade e qualidade. Este triticale levou uma década, que resultou em uma cultivar que trouxesse muitos benefícios”, aponta o pesquisador.

Ainda durante as pesquisas, o IPR Aimoré registrou uma produtividade média de quase 5 mil kg por hectare durante três anos nas regiões testadas. Além disso, o grão ficou bem formado com peso hectolitro (PH) alto: 75 kg por hectolitro (o PH é a massa de cem litros de trigo ou triticale expressa em quilogramas e representa, indiretamente, atributos de qualidade dos grãos. Para chegar a este cálculo, estão associadas várias características do grão).

“O processo de melhoramento genético exige cruzamentos entre cultivares e/ou linhagens avançadas e avaliações das gerações segregantes. Nós observamos e fazemos as seleções até chegar à linhagem bem uniforme, que passa a compor ensaios preliminares de rendimentos de grãos em unidades experimentais. Quando o material se destaca, nós passamos aos ensaios de Valor de Cultivo e Uso. Os ensaios foram realizados em quatro estados: Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo”, explica Riede.

Uso
Para Sampaio, o triticale é uma ótima opção para o produtor rural para o inverno: “O mercado do triticale ainda pode expandir bastante, então o grão se torna uma opção de inverno mais barata. Ele tem menor custo em relação ao trigo”.

O triticale pode ser usado como pastagem, feno e silagem, além de ração para aves e suínos. Foi desenvolvido também para o uso na agricultura orgânica e a sua farinha pode ser usada em misturas com a farinha de trigo. “Ele não tem uma força de glúten tão forte e pode ser usado como mistura e para a fabricação de alimentos que não precisam de crescimento, como pizza, bolacha, biscoito e quibes”, esclarece o pesquisador.

IPR Aimoré
Esta cultivar tem um hábito de crescimento intermediário com ciclo precoce, tempo médio para espigamento de 53 dias, de maturação de 114 dias e atinge, em média, 97 cm de altura.

A densidade de semeadura é de 300-350 sementes por m² com peso médio de mil sementes de 46g. É resistente ao oídio, um tipo de fungo; moderadamente resistente à ferrugem da folha e às manchas foliares, doenças que podem prejudicar a cultura.

Triticale no Paraná
Segundo o economista Marcelo Garrido, do Departamento de Economia Rural do Paraná (DERAL), a maior parte dos produtores rurais do Estado plantam o triticale nos meses de maio e julho e colhem de setembro a dezembro. Em 2020, foram plantados 6.310 hectares.

Até a última semana de outubro, no último relatório divulgado pelo Departamento, 45% da área de plantio de triticale no Paraná havia sido colhida. Foram colhidas mais de oito mil toneladas de triticale e 12,7% já haviam sido comercializados.

Tags:

Fonte: IDR-Paraná

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Novas variedades de amendoim são apresentadas aos produtores de amendoim do Oeste Paulista
Demanda por feijão de qualidade sustenta preços do mercado brasileiro
Mercado de arroz permanece pouco ofertado e com preços firmes no Sul do país
Paraná inicia colheita da segunda safra com perspectiva de recorde para a produção de feijão
Ibrafe: Há a chance de recorde de exportação de Feijão-preto