Federarroz estima que área do arroz terá queda de 10% e produtividade compensará parte da redução

Publicado em 14/12/2022 11:21 e atualizado em 14/12/2022 13:59
Alto custo na produção levou produtores a buscar rotatividade de culturas para alcançar resultado econômico

A área plantada de arroz no Rio Grande do Sul para a safra 2022/2023 deverá ser 10% menor. A estimativa é da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). Com um aumento de custos de produção nos últimos dois anos, em torno de 60% , os produtores buscaram a rotação de culturas como alternativa para alcançar resultados econômicos, com soja, milho e até mesmo pecuária.

O plantio está praticamente concluído no estado, com 97% da área plantada, conforme os  números do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) apresentados pela Federarroz na manhã desta quarta-feira. O presidente da entidade, Alexandre Velho, estima que se pode chegar a 850 mil hectares plantados. Segundo ele, a redução foi estimulada pelo alto custo de produção, que nos últimos dois anos chegou a 60%. “O arrozeiro tem este desafio de enfrentar alto custo de produção e a maneira que temos hoje é a rotação de culturas. Ela aumenta a fertilidade do solo, a produtividade e a consequente rentabilidade”, detalha o produtor. Ele lembra que o tema da Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que será realizada em fevereiro de 2023, teve o tema “arrozeiros como produtores multissafras” exatamente por este viés. “Enxergamos hoje que somos produtores de grãos e não só de arroz”, diz o dirigente.

Alexandre Velho detalhou sobre o aumento de custos, devido aos reflexos da guerra na Ucrânia, como a especulação da indústria de fertilizantes. “Os produtores compraram a preço muito alto e quando ele caiu, já era tarde, pois 80% deles já tinham comprado o adubo em preços elevados”, explicou. O dirigente também ressaltou que o arrozeiro não regula o preço de venda que é determinado pelo mercado, por diversos fatores, como mercado internacional, taxa de câmbio e paridade quanto ao Mercosul. “Ele acaba indo para outros grãos, no caso a soja e o milho que estão com preços bons. No caso da soja, ela tem custo de metade do arroz e preço de mercado futuro que traz uma segurança ao produtor”, explica. Velho disse que é preciso avançar na pauta estrutural para baixar custos de produção.

Sobre risco de desabastecimento com a redução de área plantada, o presidente da Federarroz garante que há uma certa tranquilidade. “Parte da área que diminuiu compensa pelo aumento da produtividade. Não vejo risco de desabastecimento, mas ajuste na oferta e demanda por conta do preço mais elevado, contudo a qualidade do produto importado é inferior ao nacional. Com isso, houve aumento de competitividade junto ao mercado do México, alavancando a exportação do arroz brasileiro.
 

Fonte: Federarroz

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Arrozeiros garantem que não faltará arroz mesmo com as enchentes no Rio Grande do Sul
Irga instala comitê de crise em Camaquã
Anec avalia que enchentes no RS podem levar a originação de soja em outros Estados
É hora do Brasil importar arroz? Medida gera divergências entre governo e especialistas do setor
Ibrafe: O Brasil não terá necessidade de importar Feijão mesmo com as perdas do Rio Grande do Sul