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Produtores retornam da soja para o arroz em busca de rentabilidade, mas produção maior pressiona preços

Publicado em 15/01/2025 15:21 e atualizado em 16/01/2025 15:21
Ainda assim, segundo analista, produtividade maior neste ano irá compensar a pressão sobre os preços durante a colheita

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Preços menores para a soja em 2024 e maiores para arroz provocaram um retorno dos produtores que haviam migrado para a oleaginosa. Esse movimento provocou um aumento de área plantada no Brasil. Com isso, agora, a pressão da oferta maior chega para os valores do arroz.

Próximo da finalização do plantio, os dados divulgados pela Conab na última terça-feira (14) apontam para uma área de arroz em 2024/25 de 1.745.000 hectares, aumento de 8,5% na comparação com a 2023/24, que foi de 1.607.800 hectares. Assim, aliada a uma produtividade esperada 4,3% maior, a expectativa é de que a produção brasileira suba de  10.585.500 toneladas para  11.985.800 toneladas, número 13,2% superior.

ARROZ_BR_CONAB

Em relação à safra do Rio Grande do Sul, maior estado produtor, o último levantamento da Conab traz um aumento de área de 9,7%, passando de 900.600 hectares par 988.000 hectares. Entretanto, esse número foi questionado pela  Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). As entidades usam com base o levantamento realizado pelos técnicos do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), que indica uma área 60 mil hectares inferior, com pouco menos de 928 mil hectares. Ainda assim, é consenso que o plantio desta safra supera o da anterior.

Para o Notícias Agrícolas, o analista e consultor de arroz da Safras & Mercado Evandro Oliveira frisou que a tomada de decisão para a nova safra aconteceu em junho do último, quando há melhor relação de troca, melhores condições de preço dos insumos e, nesse momento, o arroz se encontrava com uma margem bastante atrativa em relação ao casca, em comparação com outras culturas, como soja e milho, que não vinham em um bom momento.

Assim, em relação à atratividade principalmente no Rio Grande do Sul, lavouras de soja que foram plantadas em áreas de arroz, os produtores não tiveram bons resultados e, segundo o analista, praticamente todos retornaram para o arroz.

De acordo com Alexandre Velho, presidente da Federarroz, de maneira semelhante, o aumento da área plantada se deve principalmente a preços melhores nos últimos dois anos com relação ao arroz, que finalmente superaram o custo de produção.

Ele também aponta que outro fator foi a queda de preço da soja, pois muitos produtores de arroz também plantam soja e, neste ano, em função da melhora do valor do arroz e a queda no da oleaginosa, fez com que muitos produtores diminuíssem a área de soja e aumentassem de arroz.

Fora do Rio Grande do Sul ele Evandro Oliveira explica que houve uma ampliação em quase todos os estados produtores. Isso ocorreu tanto por questão de margem quanto pelo incentivo por parte do Governo de ampliação das áreas de arroz em estados mais deficitários em termos de produção, na busca por ampliar a oferta como tentativa de reduzir o custo do produto na prateleira.

RENTABILIDADE DEVE DIMINUIR COM AUMENTO DE PRODUÇÃO, MAS PRODUTIVIDADE MAIOR AJUDA O PRODUTOR

Segundo Alexandre Velho, a rentabilidade deve diminuir nesta safra em função do aumento de área. “O aumento não só no Rio Grande do Sul mas no Brasil e em todo o Mercosul. Argentina, Paraguai e Uruguai estão aumentando a área, o que deve aumentar a oferta de arroz com relação à demanda”, afirma.

Em análise sobre o mercado, o Itau BBA afirma que “a expectativa de uma safra mais robusta, impulsionada pelo aumento da área cultivada no Mercosul, especialmente na Argentina, Paraguai e Uruguai, que expandiram em mais de 10% em 2024/25, contribuiu para a queda nas cotações no mercado internacional. Na Bolsa de Chicago, os preços começaram o mês de dezembro a USD 335,43/t, mas encerraram o ano a USD 300,05/t”.

“Os preços do arroz em Chicago terminaram o ano com uma queda de 7,8% em dezembro. Grande parte desse movimento foi motivado pela normalização do comércio internacional, especialmente dos países da Ásia, com a volta da Índia as exportações. Já o preço do cereal no Brasil, segundo dados do Cepea caiu 3% em relação a nov/24”, acrescenta a consultoria.

Diante disso, para o pico da colheita em meados de fevereiro, março e início de abril, Evandro Olivera espera preços no Rio Grande do Sul com uma média de R$ 85/saca. Ele lembra que o piso em 2024 foi de R$ 95 reais/saca. Porém, ele ressalta que apesar de contar com valores menores e custos mais altos nesta safra, o produtor terá uma produtividade maior.

“A recuperação das produtividade vai ser o grande destaque também dessa temporada. Muito mais do que o aumento de área, a recuperação das produtividades, principalmente Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Rio Grande do Sul a gente está falando em torno de 8.500 quilos por hectare. Santa Catarina a gente fala em 8.700, muitas regiões de Santa Catarina com rendimentos acima de 9.000, 10.000 quilos por hectare”, explica o analista.

De acordo com ele, essa recuperação das produtividades vai compensar o aumento de custos. “A gente projeta um custo variável em torno de R$ 80, R$ 90 por saca, o que nos daria um cenário de empate ou leves margens negativas. Então tem chance sim do produtor iniciar a próxima safra, agora as colheitas, ou com empate ou com leves margens negativas, o que é um cenário positivo, porque para esta temporada devem surgir novas oportunidades para exportação”, acrescenta Oliveira.

EXPORTAÇÕES COMO OPORTUNIDADE NESTE ANO

Conforme apontou Evandro Oliveira, os olhares devem estar atentos às oportunidades no mercado internacional. “O dólar acima de R$ 6,00 é uma grande oportunidade para a exportação. Então o produtor vai mirar a exportação. O grande alvo é recuperação do mercado mexicano, assim que saírem os primeiros embarques do arroz em casca rumo ao México, a gente já deve ter uma ideia mais clara do rumo que o mercado deve tomar nesse ano de 2025”, declara.

A meta de exportação para este ano é de de 2 milhões de toneladas. Acreditamos que esse maior ritmo deve pelo menos limitar o movimento de queda nesse primeiro semestre. Mas também temos que estar atentos às importações, que devem ser menores por conta do dólar. Ali na virada do mês, a partir do início de fevereiro, a gente já deve ter o ingresso dos primeiros lotes do Paraguai, que já começou as colheitas e uma perspectiva bastante positiva para o Paraguai, que deve ter preços atrativos, então, trazendo uma pressão ali no início de fevereiro”. acrescenta Oliveira.

“Então, muita atenção nessa questão do mercado internacional. Temos perspectivas positivas para as exportações. Neste primeiro semestre a gente deve ter uma pressão por parte das importações também”, completa o analista.

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Por:
Igor Batista
Fonte:
Notícias Agrícolas

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