Colheita de trigo no RS está próxima, mas chuva pode atrapalhar
A colheita de trigo no Rio Grande do Sul começa na segunda quinzena de outubro, com expectativa de El Niño trazendo chuva na fase decisiva para a qualidade dos grãos. Neste ano, foram semeados 865 mil hectares no estado. A primeira área a ser colhida será a região das Missões, que concentra 60% do trigo gaúcho.
A região das Missões e o noroeste do estado apresentam um histórico de dificuldades para escoamento da safra, principalmente em função de intempéries climáticas. “De cada 10 anos de cultivo, 7 safras apresentam problemas com clima. Buscamos reunir as cooperativas da região, instituições bancárias e sindicatos para discutir alternativas que viabilizem o trigo”, explica o gerente técnico da Coopermil, Sérgio Schneider.
Em 2008, o principal problema do trigo na região foi o excesso de chuvas, que ocasionou a germinação do trigo na lavoura, classificação comercial que deixou mais de 50% da produção fora dos padrões exigidos pela indústria. Na safra que se aproxima, o risco é de novamente a ocorrência de excessos de chuvas na colheita, resultando no popular “trigo chuvado”, que perde a qualidade e vira ração. “No ano passado, os testes apontaram baixo número de queda, também conhecido como 'falling number', antes mesmo do trigo mostrar sinais de germinação na espiga”, lembra o gerente comercial da Coopermil, Sérgio Oliveira, reclamando que as cooperativas da região ainda guardam cerca de 500 mil sacas de trigo da safra 2008, sem comercialização.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa Trigo, Eliana Guarienti, a definição da classe comercial de uma cultivar serve apenas para parâmetro da indústria, enquanto o que determina o resultado na lavoura é o ambiente. Dessa forma, uma cultivar que resulta em trigo pão na região do Planalto, pode resultar em trigo brando nas Missões. A recomendação da pesquisa é acompanhar os dias de campo que apresentam as cultivares na região ou mesmo testar uma amostra no local antes de instalar a lavoura. “O trigo é muito dependente do clima. Muita radiação solar afeta a força de glúten, enquanto que o excesso de chuva prejudica o PH. Então, por melhor que seja o clima, ele vai alterar alguma característica da cultivar”, explica.
A pesquisadora sugere buscar alternativas para amenizar a liquidez, como separar trigo germinado do grão sadio no momento da colheita; estruturar um melhor aproveitamento da área, associando outros cultivos, ou criação animal (trigo de duplo propósito); industrialização local para inserção na merenda escolar e consumo de baixa renda. “Investir na produção de alimentos de baixo custo, como massas e pães de cor mais escura, que podem ser elaborados com um trigo de menor qualidade, tem grande aceitação nos pequenos mercados”, avalia. “Está na hora de vender o milho e ficar com o trigo para a ração. É preciso quebrar paradigmas para sobreviver no mercado”, completa Eliana.
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