Safra de feijão preto provoca dupla frustração
Produtores de feijão preto da região Centro-Serra iniciaram a colheita com dupla frustração. O excesso de chuva nos últimos meses, principalmente em novembro, e outros problemas climáticos provocaram quebra de 40%. Para piorar a situação, o preço de mercado está em R$ 60,00 a saca, R$ 20,00 abaixo do valor mínimo do governo federal. Até agora, 20% da produção prevista para esta safra está nos galpões. "O saco de feijão vale menos do que uma arroba (15 quilos) de fumo de classe baixa", afirma o consultor técnico José Francisco Telöken. Para ele, os agricultores estão apreensivos porque o preço não reage.
O valor pago ao agricultor entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 chegou a R$ 150,00 pelo saco de 60 quilos, a cotação para a comercialização em abril do ano passado baixou para a casa de R$ 65,00 a R$ 70,00. A principal causa para a retração na cotação do feijão é a grande oferta, em função do elevado preço na safra passada. Conforme Telöken, isso estimulou o plantio tardio, no início de 2009, principalmente em grandes lavouras, e ainda hoje há produto dessa safra. Segundo o técnico, as previsões dos cerealistas da região não são favoráveis aos agricultores e a tendência é de manutenção do preço no patamar atual.
Em anos anteriores, neste período os valores reagiam, e os produtores que colhiam mais cedo obtinham bons preços. "Agora isso não acontece", afirma Telöken. Ele recomenda que os produtores façam a colheita e o armazenamento em local adequado em galpões ou depósito nas cooperativas ou cerealistas para esperar valorização. O consultor aponta que o governo federal deve fazer compras a fim de regularizar o mercado.
A área de plantio nos nove municípios da região chegou a 3,5 mil hectares nesta safra. Em Arroio do Tigre, segundo maior produtor gaúcho, foram cultivados 1,8 mil hectares. Em todo o Estado houve o plantio de 84 mil hectares de feijão. A quebra na produção deverá ficar entre 30% e 40%. Telöken lembra que a cultura possui ciclo curto, com média de 90 dias para o desenvolvimento técnico. Por isso, os problemas climáticos interferem muito na produtividade. Na safra de verão passada, cuja colheita começou no final de dezembro de 2008, também houve quebra de 40% em função da falta de umidade. A área nos nove municípios da região Centro-Serra chegou a 4 mil hectares. Destes, 2,2 mil hectares foram cultivados em Arroio do Tigre.
Dados levantados por entidades do setor em reunião com o IBGE apontaram o cultivo de 2 mil hectares em Arroio do Tigre somente na safrinha 2009, contra 800 hectares em 2008. A produtividade foi recorde no município na segunda safra, quando a média de rendimento girou em torno de 30 sacos por hectare.
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