Região dos Campos Gerais/ PR colhe 88 mil toneladas de feijão

Publicado em 08/02/2010 09:09
Chuvas e preço baixo fizeram reduzir a expectativa de área plantada para próxima safra de feijão em todo o Estado do Paraná
A Região dos Campos Gerais colheu 88 mil toneladas de feijão na última safra, mas pretende reduzir drasticamente a produção em vista dos problemas encontrados pelos agricultores com a chuva de janeiro e com os preços em queda acentuada. Essa safra também já representou redução, pois no período 2008/2009 foi plantado 71 mil hectares e a área que foi colhida agora foi de 55 mil hectares. A estimativa do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento é de que agora o plantio não ultrapasse os 40 mil hectares.

"O preço ideal para a saca do feijão, e isso já foi comercializado há alguns anos, é de R$ 80. Agora, a saca oscila entre 40 e 45, quase a metade. O feijão bom, padrão de qualidade 8, pode chegar a R$ 60. Por esse motivo o beneficiamento de sementes da cooperativa parou e a expectativa é de redução acentuada do plantio para próxima safra", diz o coordenador comercial de Área Grão da Cooperativa Agrícola Mista de Ponta Grossa (Coopagrícola), Silvério Laskos.

O mesmo panorama é traçado por José Roberto Tozatto do Departamento de Economia Agrícola (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) em Ponta Grossa. "O produtor de feijão está passando por sérias dificuldades. Muitos tiveram que colher no sufoco em dezembro e quem teve que colher em janeiro sofreu com as chuvas que diminuíram muito a qualidade do feijão, fazendo cair o preço acentuadamente. Por isso a safra da seca tem previsão de diminuir ainda mais a área, para algo em torno de 40 mil hectares. A maioria dos produtores migraram para a soja, que tem um mercado mais estável e menos cheio de surpresas", avalia.

Outro motivo que vem para diminuir ainda mais a vontade dos agricultores de investir na cultura do feijão é que o consumo vem diminuindo ano a ano. "Temos estudos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Industrial) que mostram que o consumidor tem diminuído o feijão na mesa", diz Tozatto.
Estado tem produção armazenada

O feijão da primeira safra no Paraná perdeu qualidade por causa do excesso de chuvas no mês de janeiro, mas existem estoques da safra passada. São 88 mil toneladas do grão em estoques no Estado, das quais devem ser removidas 60 mil toneladas.

Desse total, 22 mil toneladas de feijão serão encaminhadas para políticas de doações. Segundo Lafaete Jacomel, superintendente da Conab, a companhia pretende intensificar a política de doação de alimentos no País. Além disso, existe à disposição do Paraná, para todos os municípios, cerca de oito mil toneladas de feijão. Os prefeitos têm até o dia 28 de fevereiro para fazer a solicitação de doação.

"Se nada for feito agora que o Paraná está colhendo uma safra de verão excelente - exceto a perda de qualidade do feijão - com produtividades elevadas para o milho e a soja, corremos o risco de continuar alternando boas safras com quedas abruptas de produção por causa do preço", justificou o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Valter Bianchini. Para a segunda safra de grãos o Deral está prevendo uma redução de 22% na área plantada com feijão e de 7% na área ocupada com milho em relação à segunda safra do ano passado. (AEN)
Chuvas prejudicaram qualidade

De acordo com a engenheira agrônoma Andréa Kubaski, do setor de Fornecimento de Insumos Agrícolas da Cooperativa Castrolanda, o maior problema dessa safra, além do baixo preço, foram as intensas chuvas que atacaram a lavoura. "Com as chuvas de janeiro o feijão ficou escurecido, com baixa qualidade, o que derruba os preços. Sendo assim, a previsão para a safrinha é de redução de área plantada. Já para agosto, quando acontece outra época de plantio não há como fazer previsões. Até lá o preço pode melhorar e incentivar os produtores a plantar, mas o atual cenário é de prejuízo e muito desânimo. A soja tem sido a alternativa dos produtores", salientou.

Mesmo com área menor, produtividade é maior

Embora favoreçam o desenvolvimento da maioria das culturas da estação, as chuvas frequentes deste verão prejudicam a produtividade do feijão primeira safra e causam a incidência de ferrujem na soja. Em janeiro, a colheita do feijão aumentou, chegando a 65% da área plantada. Porém, as chuvas reduziram em 11% a produtividade da leguminosa, estima o Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura (Deral).

"Ainda assim, a safra de feijão deverá ser 13% maior que a do ano passado. O Estado deverá aumentar a produtividade média, superando a produção do ano passado", lembra o secretário da Agricultura e Abastecimento, Valter Bianchini. O Deral previa uma produção de 537.424 toneladas no feijão primeira safra. Entretanto, após uma reavaliação de campo, estima agora que serão colhidas 476.626 toneladas da leguminosa.

A chuva ainda não atrapalha a colheita das lavouras de soja e milho, que está em fase inicial, nem provoca prejuizos aos produtores. Por enquanto, apenas 1% da soja e 1,6% do milho foram colhidos. Nesta safra, os agricultores do Paraná plantaram 4,4 milhões de hectares de soja, e deverão colher 13,4 milhões de toneladas do grão, em novo recorde de produção.

Redução pode ser de 22%na área plantada

Os técnicos do Deral concluíram a primeira pesquisa de intenção de plantio para a segunda safa de feijão e de milho. O estudo apurou expectativa de redução em 22% na área plantada de feijão, que deve passar de 265.127 hectares, em 2009, para 206.980 hectares, em 2010.

"O principal motivo para a redução de área é a insatisfação dos produtores com os preços", explica o engenheiro agrônomo Otmar Hubner, diretor em exercício do Deral. A saca de 60 quilos do feijão de cor está sendo comercializada a R$ 55,60, e a de feijão preto a R$ 56,88. Em janeiro de 2009, valiam R$ 96,15 e R$ 131,22, respectivamente.

Já a área plantada de milho na segunda safra deve diminuir em 7%, passando de 1.514.734 hectares, em 2009, para 1.404.773 hectares, em 2010. "Aqui, novamente o motivo é o baixo preço. Contudo, se as condições climáticas forem favoráveis, a produção poderá ficar 35% acima da obtida em 2009, quando foi prejudica pela estiagem", afirma Bianchini.

O secretário ainda lembra que o cenário atual indica recuperação para o mercado de milho, pois houve aumento do dólar, queda no preço de insumos e retomada nas exportações nos últimos meses de 2009. Além disso, há a expectativa de anúncios de leilões de Prêmio Escoamento de Produção (PEP) para fevereiro.

O Paraná continua sendo o principal produtor agrícola do País. Na safra 2009/10, deve colher 20,5% da produção nacional de grãos cerca de 29 milhões de toneladas, ante 24,30 milhões de toneladas na safra anterior. O Estado é o maior produtor nacional de milho, devendo colher 12,31 milhões de toneladas, e também de feijão, devendo colher aproximadamente 800 mil toneladas nas três safras de 2010.
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Fonte:
JM News

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