Disputa Brasil-EUA pode beneficiar trigo do Canadá

Publicado em 09/03/2010 15:47
As exportações de trigo do Canadá podem ser favorecidas após a decisão do Brasil de elevar de 10 para 30 por cento a tarifa de importação sobre o cereal dos Estados Unidos, em meio à disputa comercial entre os dois países, disse um representante da CWB (Canadian Wheat Board), entidade responsável por quase todo o comércio de trigo canadense.

O governo brasileiro publicou na segunda-feira uma lista de produtos norte-americanos que terão alíquotas de importação elevadas como retaliação à não adequação dos EUA a decisões da Organização Mundial do Comércio (OMC) envolvendo subsídios ao algodão.

O Brasil deverá elevar em 30 dias a tarifa para o trigo - exceto duro ou para semeadura - dos EUA, caso um acordo não seja alcançado até lá.

Isso dá ao Canadá, sexto maior produtor mundial, uma oportunidade de exportação, disse Bruce Burnett, diretor de análise de mercados da CWB.

"Certamente em um ano como este, em que o mercado de trigo está bastante competitivo, seria bom ter uma vantagem para entrar nesse mercado", disse Burnett em entrevista à Reuters.

O Brasil, um dos maiores importadores de trigo do mundo, afirma que ainda há tempo para negociar uma solução.

Existe a expectativa de grandes safras de soja e milho na América do Sul, mas segundo Burnett a produção de trigo da Argentina, tradicional exportador ao Brasil, será pequena. Assim, o Brasil, que costuma importar mais da metade de seu consumo anual de 10 milhões de toneladas, poderá ter que recorrer ao produto no hemisfério norte este ano.

Em 2008/09, o Brasil importou apenas 143 mil toneladas do Canadá. Na temporada anterior, foram 477 mil toneladas compradas junto ao Canadá, tornando o Brasil o 11o mercado de exportação de trigo da CWB em 2007/08 e o maior sul-americano.

O Canadá é o maior exportador de trigo de primavera, usado na panificação, e de durum, para fazer massa. O Brasil importa principalmente trigo de primavera do Canadá.

O aumento dos preços dos produtos derivados é uma das preocupações com a elevação da tarifa de importação, conforme afirmou a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).

Entretanto, nesta terça-feira o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, tentou aliviar esse temor. "Nós importamos dos Estados Unidos, no ano passado, apenas 5 por cento das nossas necessidades de trigo. Além disso, temos outras opções de importação, como Canadá, Rússia e, até mesmo, União Europeia", afirmou.

Segundo ele, é pequena a participação do trigo na formação do preço do pãozinho, em torno de 15 por cento. "As demais influências são da água, eletricidade, aluguel e mão-de-obra", completou ele segundo comunicado.

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Fonte:
Reuters

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