Pressão de safra mantém preços do arroz em queda no RS

Publicado em 22/03/2010 15:14
Com cerca de um quarto da safra colhida, arrozeiros pressionam por contratos de opções e auxílio a quem teve perdas com as enchentes, mas o mercado segue em baixa. Irga e Emater reduzem a estimativa de safra no RS

Com cerca de um quarto da safra colhida no Rio Grande do Sul, o mercado do arroz em casca manteve-se bastante contraído e com baixa constante nos preços nas principais praças gaúchas de comercialização na semana que passou. A tendência deve manter-se até depois da safra, com muitas indústrias já sinalizando com valores muito próximos do preço mínimo para a compra de arroz verde.

O indicador Cepea/Esalq – Bolsa de Mercadorias, fechou na sexta-feira com preço médio de R$ 26,98 para o arroz em casca (58% -59%), posto na indústria. No mês de março a queda já acumula 7,7%. Na quarta e na quinta-feira os preços chegaram a recuar mais, alcançando R$ 26,95. Em dólar, os valores do mercado brasileiro ainda são muito convidativos para os “sócios” do Mercosul: US$ 14,98/50kg. Isso demonstra porque os volumes de importação, principalmente do Mercosul, aumentaram tanto nos últimos meses de 2009 e nesse primeiro trimestre de 2010.

Na semana, o indicador Esalq – BVMF atingiu a média de R$ 27,00, com queda de 1,5% sobre a anterior. Em dólar, a média foi de US$ 15,21. No mercado livre os preços mantiveram-se em média abaixo dos R$ 27,00 na maioria das praças. A comercialização segue “trancada” entre produtor e indústria, e o fluxo também é lento entre indústria e varejo. Todos esperando que a oferta de safra pressione o mercado ainda mais pra baixo. Com as exportações em queda, em razão dos preços internacionais e também do câmbio, muitas indústrias ou ampliaram a ociosidade do parque ou estão liquidando os estoques, o que também afeta o mercado.

Por outro lado, a queda de mais de R$ 6,00 por saca em 2010 poderá ser favorável à exportação de arroz, compensando a perda da competitividade pela alta do dólar e queda dos preços internacionais. O governo federal atua na elaboração de um plano de apoio às exportações que inclui redução da carga tributária sobre a venda externa de arroz e PEP. Medidas como o reintegro – prática usada no Uruguai e na Argentina – também são reivindicadas pelos produtores. As três regras que seriam alteradas na IN06, que determina a nova classificação do arroz, segundo chegou a ser divulgado pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, ainda não foram reformuladas, razão pela qual, a fiscalização do MAPA já começa a atuar por amostragem. Poucos fiscais precisarão analisar todo o conjunto de beneficiamento do arroz nos estados.

SAFRA

O tempo seco permitiu um avanço significativo da safra gaúcha, que segundo o Irga já está andando mais rápido que no ciclo passado, quando não houve grandes problemas de clima. Ainda assim, a cada semana a perda em produtividade fica evidente com muitos grãos quebrados, chochos ou “falhados”.

PROTESTO

Mais de 1,5 mil arrozeiros e autoridades se reuniram neste sábado em Cachoeira do Sul (RS) para protestar contra a morosidade do governo federal em liberar recursos para os produtores atingidos pelas enchentes provocadas pelo “El Niño”. São perto de 30 mil hectares com perdas parciais ou totais. Os produtores solicitam a liberação imediata de R$ 175 milhões para cobrir com R$ 2,5 mil por hectare as perdas, bem como uma linha de crédito especial de R$ 30 milhões para reconstrução da estrutura perdida, como açudes, canais, etc...

Além disso os produtores reivindicam o rebate dos financiamentos de custeio e investimentos. Na ação, comandada pela Federarroz, Farsul e Fetag, os produtores também pediram que a Conab e o governo federal lance mão dos contratos de opções do arroz, como forma de balizar preços, evitando queda abaixo do nível mínimo, bem como sinalizando altas para o segundo semestre.

Renato Rocha, presidente da Federarroz, afirmou que não há dúvida de um segundo semestre mais remunerador ao arroz, em razão de uma quebra entre 1 milhão e 1,5 milhão de toneladas no Rio Grande do Sul e retração produtiva em outros estados. Mas, argumenta que o problema maior é a concentração da oferta nesse primeiro semestre, razão pela qual serão vitais os contratos de opção, que permitem o fracionamento das vendas.

PREÇOS

A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS) indica queda nos preços esta semana no mercado livre gaúcho para R$ 26,50 a saca de arroz em casca de 50 quilos. O beneficiado, em sacas de 60 quilos (tipo 1) acompanhou a queda: R$ 52,00. Entre os derivados, o canjicão manteve-se em R$ 28,00, a quirera em R$ 22,00 e a tonelada do farelo de arroz seguiu em R$ 245,00.
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Fonte:
Planeta Arroz

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