Arroz: Rigor na classificação

Publicado em 26/03/2010 08:02
Produtores do Rio Grande do Sul estão preocupados com a nova classificação do arroz, que entrou em vigor este mês. Como a safra enfrenta problemas, muitos vão acabar recebendo menos.

Quem planta arroz sabe que se os grãos colhidos tiverem muitas imperfeições o preço pago pela indústria ao produtor diminui em cada saca. “Diminui o preço de R$ 2,00 a R$ 5,00. Isso depende da quantia de quebrado que dará. Aí fica ruim”, falou o agricultor Luiz Cauduro.

Todo arroz tem alguma quantidade de defeitos. São grãos quebrados, manchados, picados por insetos e de cor amarelada. Quanto menor a quantidade das impurezas, melhor a qualidade do arroz. Os grãos são classificados por números de um a cinco. O tipo um é o melhor e o mais consumido.

Essa classificação ficou mais rigorosa desde o início do mês por uma determinação do governo federal, o que deve resultar em uma diminuição do número de grãos defeituosos nos sacos de arroz de diferentes tipos. Além de diminuir a tolerância com grãos defeituosos, a nova classificação passa a especificar melhor as imperfeições.

“Abriu para outros efeitos que passam a ser considerados isoladamente. Então, desde o processo da semeadura e todos os processos de manejo, colheita e manejo pós-colheita terão de ser repensados em função destas novas tolerâncias que ficaram um pouco mais rígidas”, explicou o agrônomo Ênio Marchesan.

A nova medida chega em um momento ruim para os produtores gaúchos. As lavouras sofreram com problemas climáticos, que nesta safra provocaram uma queda na quantidade e na qualidade dos grãos colhidos.

“Entendemos que a hora não é própria. Nós estamos passando por uma situação difícil na lavoura, com enchente e seca nos últimos dias, e um produto de baixa qualidade. Então, é a paulada final na cabeça do produtor”, reclamou o agricultor Sérgio Renato Freitas.

Nas últimas três safras, a antiga regulamentação classificava 90% do arroz produzido no Rio Grande do Sul como sendo do tipo um, segundo o Irga, Instituto Rio Grandense do Arroz. Se este mesmo arroz for analisado pela nova classificação, somente 62% dos grãos poderiam ser considerados de melhor qualidade. É essa a preocupação do produtor gaúcho.

“Se não atender ao tipo um ele vai cair para o tipo dois e isso tem uma grande redução de preço. Daí isso pode ser a diferença de lucratividade na sua atividade”, completou Marchesan.

A Câmara Setorial do Arroz entregou ao Ministério da Agricultura um pedido de revisão da instrução normativa. Uma reunião está marcada para a próxima terça-feira, em Brasília.

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Fonte: Globo Rural

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