A Mãe do PAC no Dia das Mães: ler Dilma é padecer no purgatório

Publicado em 10/05/2010 23:30
Augusto Nunes e Polibio Braga

por Augusto Nunes (revista Veja)

Desolado com o fim do Fala Dilma, o maior excesso de crítica do site Dilma na Web, Celso Arnaldo quase entrou em êxtase ao topar com outra grande ideia de Marcelo Branco: a mensagem de Dilma Rousseff sobre o Dia das Mães. O relato do caçador de cretinices comprova que, se ser mãe é padecer no paraíso, ler Dilma é padecer no purgatório. Ou  no inferno, vocês decidem:

O Marcelo Branco, prestigiado como um técnico de futebol na boca para cair, achou que o Dia das Mães era um assunto que não podia dar errado. Qualquer cortadora de cana analfabeta é capaz de falar de seus filhos e da maternidade com alguma candura e sabedoria.

Ainda não conhecem Mãe Dilma como nós conhecemos.

Antes, tinha pedido a ela uma mensagem escrita sobre o Dia das Mães. E o começo do texto já prenunciava que, falando sobre virtualmente qualquer assunto, até sobre ela própria, Dilma é sempre madrasta:

“Esse domingo é nosso dia. O dia das mães”.

Esse domingo qual? O próximo? O seguinte? O passado? Se for hoje é este ─ mas a gramática de Dilma ainda não chegou a esse módulo. E “dia das mães”? Dilma tem toda a pinta de ser aquele tipo de gente que escreve memorando em caixa alta: Senhor Deputado, Como Vai? No entanto, para ela o dia das mães é uma data minúscula.

A amostra já não era boa. Mas aí resolveram gravar outra mensagem, em forma de entrevista.

Primeira pergunta. Vai ser avó?

“Pois é. Eu vou. Minha filha única, a Paula, ela vai ter um filho, o Gabriel. E eu tenho assim hoje muita alegria porque em setembro ele vai nascer e aos dois na verdade eu dedico o meu carinho, a minha preocupação, também minha atenção, porque filho é assim: nasceu, cê nunca mais deixa de se preocupar, né?”

Muitos tentaram ─ incluindo pedagogos e educadores do nível de um Jean Piaget ou de uma Maria Montessori ─ mas ninguém conseguiu descrever com mais propriedade o papel da mãe: “Nasceu, cê nunca mais deixa de se preocupar, né”?

Aí o falso repórter da entrevista pede a Dilma que explique uma proeza inédita e inaudita que demonstra toda a força da primeira mulher brasileira que pode chegar à Presidência da República: como conseguiu conciliar a condição de mãe com o trabalho?

“Olha, sempre foi, é, uma coisa desafiadora. Porque eu trabalhava e tinha de cuidar de minha filha. E quando ocê diz cuidar da filha, né?, é brincar com ela, é conversar, vê se almoçou direito, se jantou, preparar a merenda, cumé que tá no colégio, cuidar das lições, enfim, cê acompanha a criança o tempo inteiro. E depois, quando fica adolescente, aí a preocupação aumenta, que é você esperando, cumé que vai chegar de noite, é uma outra preocupação, mas é muito grande também”.

É Dilma descrevendo o cotidiano de milhões de mulheres brasileiras ─ mas muito pior do que qualquer uma delas faria.

Ok, mas se Dilma tem alguma dificuldade em discorrer sobre a maternidade, pois só teve uma filha e nunca entendeu bem as lições de casa dela, a paternidade é uma condição que ela deve conhecer com mais familiaridade, já que sempre trabalhou cercada de pais. Sem dúvida:

“Os pais são um pouco de mães também. Têm esse papel. Aliás, uma vez eu li isso: que a relação paterna é uma relação materna de outro tipo”.

Aviso aos leitores deste blog: não esperem mais nenhum post meu nas próximas horas e talvez até nos próximos dias. Dedicarei todo o meu tempo, que não é muito, obsessivamente, a tentar encontrar o livro, o ensaio, o estudo, a pesquisa, o palimpsesto, seja lá o que for, onde Dilma leu isso.


Pesquisas poderão desestabilizar Dilma (Blog Polibio Braga)


Quem conhece antecipadamente os números das pesquisas eleitorais, aposta que Lula e o PT terão do que se lamentar da arrogância que demonstram diante da candidatura de José Serra.


. Ainda esta semana ocorrerão novidades. Esta nova rodada de pesquisas fecha o ciclo de lançamentos e mostrará quem venceu e quem perdeu na primeira etapa.

. A má performance de Dilma e o bom desempenho de Serra, obrigaram o PT e o governo Lula a pensar em mudanças de coordenação de campanha, em alternativas de alianças nos Estados e até de candidato.


. Neste último caso, o Plano B seria trocar Dilma, em junho, caso ela não emplaque de verdade. O próprio ex-ministro Tarso Genro freqüenta a lista dos possíveis candidatos. Neste caso, o PT do RS poderia engrossar a Frente Ampla Gaúcha e apoiar Beto Albuquerque, em troca de um palanque mais consistente para os interesses nacionais do Partido.


. A questão da coordenação de campanha é mais complicada, porque envolve confusões de organização e marketing. O marqueteiro João Santana não é ouvido e a coordenação entre lulistas e petistas não se entende.


- O PMDB continua um problemão para Dilma, porque adiou de 15 de maio para junho a definição sobre a ida de Michel Temer para vice na chapa do PT. O PMDB quer desatar alguns nós, mas fundamentalmente em Minas. Se este caso de Minas não for resolvido (apoio a Hélio Costa), o Partido vai roer a corda.  

Tags:

Fonte: Blogs

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ANA e INPE lançam publicação que atualiza dados sobre irrigação de arroz no Brasil
Abiarroz intensifica ações para abertura do mercado chinês ao arroz brasileiro
Federarroz monitora situação das chuvas em lavouras arrozeiras gaúchas
CNA debate área plantada de soja e milho no Brasil
Ibrafe: Preços já estão 40% abaixo do praticado no ano passado.