Federarroz esclarece boatos sobre importação de arroz.

Publicado em 26/05/2010 12:09
Sem meias palavras para o mercado...
Paul Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha hitlerista, deixou para a história a frase: “Uma mentira muitas vezes contada torna-se verdade”. Vivenciamos, na atual conjuntura mercadológica do arroz uma situação parecida com essa: um conjunto de boatos que, mesmo inúmeras vezes desmentidos, teimam em ser ressuscitados como forma de pressionar negativamente os preços. Trata-se de uma forma programada por aproveitadores para lucrarem com o suor do produtor e causar prejuízos à cadeia produtiva.

Refiro-me às “notícias” de importações exageradas, invasão de produto asiático, pressão de venda pelo Mercosul, informações falsas que tentaram afetar o mercado do arroz nos últimos dias. Posso assegurar que apesar da falta de ética e honestidade de alguns “agentes de mercado”, que tratam de espalhar esses boatos, a conjuntura tende a um preço mais estável e remunerador. Em primeiro lugar, é preciso afirmar que não houve até o momento qualquer importação de arroz asiático. Quem diz isso não é o presidente da Federarroz, mas registros da imprensa gaúcha à declaração do Sr. Presidente do Sindarroz/RS, Élio Coradini, veiculado na Zero Hora de 19/05, caderno Campo & Lavoura, pág. 20. E o próprio relatório de importações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Não há importações porque o cereal asiático não tem competitividade qualitativa com o cereal brasileiro, a qualidade do produto ofertado por trades internacionais é muito baixa. Nesta linha e a pedido do Setor Produtivo, foi aprovado na última reunião da Câmara Setorial proposição para exigência de certificado de produto não transgênico e realização de exames fito-sanitários na entrada de arroz importado, com análises de substâncias nocivas à saúde, matérias macroscópicas, microscópicas e microbiológicas relacionadas ao risco à saúde humana, exigência constante na própria Instrução Normativa 12 do MAPA.
Em segundo lugar, uma reunião em Rivera (no Uruguai), na última semana, na presença de representantes de arrozeiros do Mercosul, aprovou o aumento da Tarifa Externa Comum (TEC) de 12% para 30% para o arroz importado de terceiros países, ação que esperamos seja consolidada pelos governos nos próximos dias. No Brasil, há o compromisso do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, manifestado em reunião realizada em 28/04 em Brasília.

Também como um antídoto contra a boataria, temos os números das importações e exportações de abril. Os embarques para o exterior cresceram 258% em relação às 9,9 mil toneladas (base casca) embarcadas em março/2010, num total de 35,52 mil toneladas. No mesmo mês, o Brasil importou 60,3 mil/t, volume 3,7% menor que no mês anterior (62.597 t) ou 20,3% inferior à importação média mensal de 2009/10 (75.666 t), segundo a Agrotendências Consultoria. A indústria brasileira sabe que há um bom estoque interno para abastecê-la nesse momento.

Cabe ainda ressaltar que o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e os técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento, garantiram - já autorizado por portaria - a liberação de recursos que podem ser utilizados em mecanismos de comercialização, como AGFs, leilões de contratos de opção, PEP, Prop e Pepro, entre outros, caso os preços de mercado do arroz aproximem-se do preço mínimo, hoje em R$ 25,80. Além disto o Setor Produtivo (Federarroz, Irga e Farsul) esta gestionando junto ao MAPA um novo mecanismo para fomento as exportações. No momento, o arrozeiro tem o EGF para financiar a comercialização, um mecanismo que se mostra muito prático e efetivo, cumprindo com essa função exemplarmente e também já esta á disposição o pré-custeio no Banco do Brasil para aquisição de insumos, resultando em redução de oferta no mercado.

Redução da Safra 2009/2010 - As médias de produtividade de lavouras que estão sendo colhidas neste período no RS mal ultrapassam 5.000 kg/ha, devido aos prejuízos causados pelas enchentes. Considerando a área total plantada pela produção obtida a Federarroz estima que as perdas podem chegar a 1,5 milhão de toneladas, acarretando a valorização do grão.

Considerando toda a argumentação já apresentada, o cenário de importação e exportação, garantia de recursos para cobrir os preços ao produtor numa eventual baixa de mercado, em razão de especulações e a redução da safra podemos afirmar que o cenário é positivo para os preços do arroz, indicando de uma estabilidade até leve alta, segundo análise dos técnicos da Federarroz.

Existem, portanto, antídotos muito eficazes à boataria que busca desestabilizar o mercado e os preços do arroz. Estamos seguros de que 2010 é um ano em que, apesar do mercado ajustado, não há riscos ao abastecimento interno. Ao mesmo tempo, podemos afirmar que de acordo com esse cenário, a tendência, ao longo do ano é de preços médios de comercialização superiores ao ano passado. O mercado já não aceita mais boatos ou meias palavras, mas cenários sólidos e coerentes com as estatísticas.

Saudações arrozeiras!

* Renato Caiaffo da Rocha é Economista e presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

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Federarroz

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