Mais de 500 mil toneladas de trigo aguardam comprador no PR

Publicado em 17/06/2010 08:24
Produtores reclamam da falta de uma política firme para a cultura.
Mais de 500 mil toneladas de trigo da safra 2009 ainda aguardam comprador nas cooperativas do Paraná. Nem mesmo as doenças causadas pelo excesso de chuvas na colheita do ano passado, que derrubaram a safra em mais de um milhão de toneladas, conseguiram ajudar a melhorar o preço do grão. Os produtores reclamam da falta de uma política firme para a cultura.

Com uma safra 16% menor do que a média do Estado, o Paraná esperava ter preço melhor para o produto. Porém, mesmo com o mínimo em R$ 31, o mercado não paga mais do que R$ 24 a saca. Os compradores argumentam que a qualidade caiu por conta do excesso de chuvas na colheita, mas os produtores dizem que ainda tem muito trigo bom sem preço. Segundo a Conab, dos 2,5 milhões de toneladas colhidas, 491 mil estão no seu estoque. Cerca de 1,5 milhão de toneladas foram escoadas através dos leilões de PEP e 500 mil toneladas ainda estão sem previsão de venda. Ou seja, praticamente não se vendeu trigo no Estado.

Para a Federação da Agricultura do Paraná (Faep), o encalhe é absurdo, já que o Brasil produz só a metade do trigo que consome. A entidade aponta a alta carga tributária e a logística de navios precária para transportar o produto para o Norte e Nordeste, grandes consumidores, como problemas que explicam a comercialização quase zero do trigo do Paraná.

O setor afirma que a falta de uma política definida é o grande entrave, inclusive em outras regiões produtoras. Nem mesmo os dois últimos leilões de PEP, solicitados pelos produtores paranaenses, foram confirmados pela Conab.

O presidente da Cooperativa de Rolândia (Corol), Eliseu de Paula, apresenta relatório da Ocepar, que reúne cooperativas do Paraná, onde aparece pendente uma dívida de R$ 298 milhões da Conab junto aos produtores paranaenses, entre AGF e PEP. Só a Corol tem 4,5 milhões em AGF para repassar aos produtores e não sabe quando o dinheiro chega.

— A política de AGF, de garantia, deveria ser automática no país. O produtor procurou, encontrou no governo o apoio na política agrícola. Aí você teria reflexos positivos. Porém, o produtor precisa hoje liquidar suas contar e não tem a quem recorrer. Aí, ele vende seu produto a preço vil, preço baixo, muito abaixo do custo. Então, nós estamos com uma política totalmente distorcida — disse o dirigente da cooperativa.

O presidente do Sindicato Rural de Londrina, filiado à Faep, Narciso Pissinatti, diz que não sabe se o governo federal quer que o país ainda plante trigo. A próxima safra do Paraná deve passar de três milhões de toneladas, uma recuperação histórica. Porém, a perspectiva é de piora nos preços.

— É preciso proteger o nosso produtor. É o que eu sempre comento: será que nós não queremos mais plantar trigo? Do jeito que está essa política, nós inviabilizamos a safra de inverno, que é a principal que nós temos, então tem que ter uma decisão nesse sentido. Eu acho que esse PEP é a saída porque a gente vê que os moinhos não têm interesse, inclusive devem ter um estoque muito bom porque eles tiveram esse benefício de importação do produto, então a gente está com um mico na mão, realmente — avaliou Pissinatti.

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Canal Rural

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