Fraqueza no preço do arroz gera frustração no setor produtivo

Publicado em 26/07/2010 09:26
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, a fraqueza das cotações gera uma certa frustração no setor produtivo que, dado ao aperto no quadro de oferta e demanda, esperava negociar a preços mais altos
O mercado brasileiro de arroz entrou na quarta semana de julho com a saca de 50 quilos do grão em casca cotada a uma média de R$ 27,10 no mercado gaúcho - principal referencial nacional. Comparado ao mesmo período do mês anterior, representa uma valorização de 0,7%. Em relação ao início deste ano (R$ 30,83/saca no dia 04 de janeiro de 2010), contudo, o preço atual é 12,14% inferior.

Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, a fraqueza das cotações gera uma certa frustração no setor produtivo que, dado ao aperto no quadro de oferta e demanda, esperava negociar a preços mais altos. "Entretanto, para entender este comportamento é preciso levar em consideração, além da sazonalidade de oferta interna, o comportamento de variáveis exógenas ao abastecimento doméstico, altamente correlacionadas à formação das cotações", explica.

Um exemplo é a temporada 2009/10, cuja oferta interna era menor que a do ano comercial anterior e, apesar disto, as suas cotações médias ficaram bastante abaixo das daquele. "Isso ocorreu porque no ciclo 2008/09 o mercado interno sentiu os reflexos de uma forte elevação internacional e, depois da crise financeira global, de uma desvalorização da moeda brasileira", relata. "Sendo assim, é necessária uma análise mais próxima das variáveis formadoras de preços entre janeiro e julho de 2010, para termos uma sinalização mais clara do que esperar para o final deste ano e da temporada 2010/11", acrescenta.

Diante deste cenário, a cadeia orizícola segue num dilema. Por um lado, os números de oferta e demanda mostram que o atual ciclo comercial será o mais apertado dos últimos anos. Iniciando com 1,038 milhão de toneladas em estoques e produzindo 11,5 milhões, considerando exportações de 300 mil toneladas, haverá uma necessidade de se importar mais de 1,5 milhão de toneladas para o Brasil encerrar com estoques semelhantes aos iniciais. Por outro, os preços externos estão 15% mais baixos em relação aos do ano passado e, com a força do real em relação ao dólar, uma recuperação mais consistente esbarraria na paridade de importação.

Dentro deste contexto, o varejo não se sente seguro em aceitar preços mais altos. Os engenhos, para manter os espaços nas gôndolas, vêem a possibilidade de repasse de eventuais altas do grão em casca estreitada. "No final desta cadeia está o produtor, que se força uma elevação, acaba ficando fora do mercado, pois existe espaço para compras externas", finaliza.

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Fonte:
Planeta Arroz

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