Trigo: Alta do cereal já preocupa os moinhos brasileiros
Segundo levantamento do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), em 29 de junho a tonelada do cereal americano posto FOB (Free on Board) no Golfo do México era de US$ 178. Ontem, a mesma tonelada estava valendo US$ 240, alta de 35%. Na Argentina, onde há pouca disponibilidade do cereal, o ganho acumulado nos últimos 30 dias foi de 15%, segundo o sindicato.
Christian Mattar Saigh, vice-presidente do Sindustrigo, diz que a necessidade de aquisição de trigo importado é de cerca de 400 mil toneladas por mês. Apesar de alguns moinhos estarem relativamente abastecidos, essa não é a realidade de 100% do setor e haverá necessidade de se buscar trigo no mercado externo entre este mês e início de outubro, quando entra a safra brasileira.
Ele afirma que uma solução possível é colocar no mercado, por meio de leilões governamentais, as cerca de 1 milhão de toneladas do cereal da safra passada. "Apesar de ser de menor qualidade, esse volume pode ajudar na mistura com o cereal superior", diz Saigh.
Para realizar mais leilões, no entanto, o executivo pondera que é preciso que o governo libere aos moinhos os recursos represados referentes aos leilões passados. "De tudo o que foi feito de PEP em 2009/10, o governo restituiu o setor em apenas 30%. Precisamos desse capital de giro para novas aquisições".
Com um consumo de cerca de 10 milhões de toneladas, o Brasil é um dos maiores importadores mundiais de trigo. Neste ano, a produção interna deve atingir 5 milhões de toneladas, segundo estimativa do Sindustrigo.