Seca e incêndios na Rússia fazem disparar preço de pães e massas

Publicado em 20/08/2010 08:23
Redução na oferta mundial de trigo e força alta nas cotações.
Além da aproximação da primavera, quando costumam desabrochar planos de dieta, os brasileiros têm este ano outro motivo para cortar calorias da alimentação. Massas e pães devem entrar setembro até 20% mais caros, fruto da suspensão de exportações de trigo russo.

Presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado (Sinditrigo), Gerson Pretto estima que, em breve, o preço da farinha deve alcançar alta de 20%. É muito, mas representa menos da metade da elevação acumulada no valor internacional do cereal. Como a farinha tem o maior peso no custo de massas e pães, esses produtos devem ter aumentos de preços proporcionais ao peso da matéria-prima em sua fabricação (veja quadro).

– Devemos ter um quadro mais claro entre o fim deste mês e o início de setembro. Estamos projetando aumento médio de 10%, mas vai haver casos de até 20%, dependendo do tipo de padaria – alerta Arildo Bennech Oliveira, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação, Confeitaria, Massas Alimentícias e Biscoitos no Estado (Sindipan).

Pelo relato de Oliveira, isso seria o resultado do repasse de aumento de até 30% no preço da farinha somado ao dissídio coletivo de setembro dos trabalhadores do setor. Pretto, do Sinditrigo, prefere percentuais um pouco mais moderados, mas igualmente elevados:

– Aumento de 10% já é uma realidade de mercado e deve chegar em breve a 20%.

Claudio Zanão, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), relata que alguns associados já compraram farinha mais cara no fim de julho e repassaram para as indústrias de massa percentuais entre 6% e 8%. Para o consumidor, isso deve chegar sob a forma de um aumento de ao menos 5%.

– Como o trigo é uma commodity internacional, sem as exportações da Rússia, há menor oferta de produto no mercado. O Brasil depende entre 50% e 70% da importação, conforme o desempenho da colheita nacional. Então ainda não sabemos se esse aumento será o primeiro de uma série ou o último do ano – afirma Zanão.

O caminho da escalada

O Trigo
Como o preço do grão provocado pela Rússia vai parar na prateleira gaúcha:
- Quanto subiu: 45%
- Onde: na Bolsa de Chicago (EUA), principal centro de comércio do grão
- Por que: com a produção agrícola afetada por seca e incêndios, a Rússia suspendeu as exportações de trigo no início de agosto e, ao sair do mercado, provocou maior disputa pelo produto de outros países

A Farinha
- Quanto subiu: 10% a 20%
- Onde: nos moinhos brasileiros e gaúchos
- Por que: o trigo representa 70% do preço da farinha, e mesmo com produção gaúcha, o preço é determinado no mercado internacional

O Pão
- Quanto pode subir: 10% a 20%
- Onde: nas padarias e supermercados
- Por que: a farinha representa 25% a 50% do custo do pão

A Massa
- Quanto pode subir: 7% a 14%- Onde: nos armazéns e supermercados
- Por que: a farinha representa 70% do custo das massas

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Fonte:
Zero Hora

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