Trigo deve seguir para o exterior

Publicado em 02/09/2010 07:31
A produção não cobre o consumo interno, mas o cereal é rejeitado pela indústria na colheita. Cooperativas querem aproveitar a demanda internacional para criar precedente de exportação.
Com a colheita de trigo na casa de 10%, os produtores do Paraná buscam uma estratégia que evite a tradicional falta de liquidez do produto nesta época do ano. As cooperativas, que produzem dois terços do cereal no estado, tentam abrir um canal de exportação, aliviando a demanda regional. A estratégia é aproveitar a queda na produção internacional – provocada pela seca que atinge países como Rússia e Ucrânia – para estabelecer um novo sistema de escoamento.

O trigo do Paraná, estado que produz metade da safra nacional, deve seguir para países da África, da Ásia e da Europa, apesar de o Brasil suprir apenas metade de sua demanda anual de 11 milhões de toneladas e ter de aumentar a importação do alimento sempre que a produção cai. A alternativa da exportação foi anunciada pela Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) após reunião sobre o assunto em Campo Mourão (Cento-Oeste do estado). O setor informa exportar atualmente 5% da produção.

A exportação será uma reação aos preços internos, segundo o analista técnico e econômico da Ocepar, Robson Mafioletti. Ele afirma que os embarques são viáveis principalmente a partir das regiões produtoras que estão próximas dos portos.

“Os preços subiram 43% no mercado internacional, mas no mercado interno não reagem. Não aumentaram nem 10%”, compara. Em sua avaliação, a indústria poderia pagar R$ 520 por tonelada, mas oferece R$ 60 a menos alegando estar com armazéns lotados. O estado deve colher perto de 3 milhões de toneladas de trigo nesta safra.

Os moinhos confirmam que estão com armazéns carregados, mas negam estarem ditando preços ao produtor. “A indústria não forma preço. Os moinhos não podem pagar mais que o preço de mercado”, rebate o conselheiro da Associação Brasileira da Indústria de Trigo e porta-voz do Sindicato da Indústria do Trigo (Sinditrigo) do Paraná, Roland Guth.

Se as perdas nas lavouras russas se confirmarem, haverá espaço de sobra para o trigo brasileiro. A produção da Rússia, segundo maior exportador do mundo, tende a cair 17 milhões de toneladas – volume quase três vezes maior que o da safra do Brasil –, passando de 62 milhões para 45 milhões de toneladas. Essa é a previsão mais aceita atualmente no mercado global internacional. O Brasil tende a depender cada vez mais do trigo da Argentina, que vem interrompendo as exportações para garantir abastecimento interno.

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Fonte: Gazeta do Povo

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