Safra de arroz começa a ser semeada no RS

Publicado em 16/09/2010 07:26
A partir do mês de setembro, o plantio da safra de arroz 2010/2011 começa a se intensificar no Rio Grande do Sul, principalmente nas lavouras com o sistema pré-germinado. Conforme dados do 27º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a chuva intensa dos últimos dias fez com que muitos produtores adiassem o cultivo. Agora, com o anúncio de tempo bom, a projeção é de que o trabalho seja reforçado.

Em Candelária, 100 hectares de arroz já devem ter sido plantados até este final de semana. De acordo com o engenheiro-agrônomo Luciano Siqueira, o ideal é que a semeadura aconteça entre 10 de setembro e 15 de novembro, para evitar riscos aos orizicultores. Ele ressalta que a época do plantio é um dos pontos-chaves para altas produtividades. “O cereal precisa de luz para expressar seu potencial produtivo e o plantio no tarde faz com que a floração aconteça somente em março, quando os dias são menores.”

Para este ciclo, Siqueira espera que até 80% das lavouras da região sejam cultivadas até o início do mês de novembro, o que deve refletir diretamente na média produtiva. “Esperamos colher acima dos 7 mil quilos por hectare.” O 27º Nate atende os municípios de Candelária, Cerro Branco, Vale do Sol, Vera Cruz, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Cruzeiro do Sul, abrangendo 650 produtores. Dos 15,1 mil hectares destinados à cultura, 68% são de pré-germinado, 30% de cultivo mínimo (com variedades resistentes à herbicida seletivo para arroz vermelho) e outros 2% de variedades tradicionais.

O orizicultor Rafael Becker, de 35 anos, deve iniciar o plantio em sua propriedade na próxima semana. Nos últimos 15 dias, o trabalho esteve centralizado no preparo da terra a ser cultivada. Ao todo, são 70 hectares situados em Linha Curitiba, interior de Candelária, onde o arroz é semeado no sistema pré-germinado (60% da área) e também no cultivo mínimo. Segundo explica, a plantação será feita em três etapas diferentes – para evitar que os grãos amadureçam na mesma época e a colheita sofra quebras. Para a atual safra, Becker espera aumento de produtividade e torce por uma reação do mercado. “O preço está castigando os produtores.”

Projeções

Mesmo com a instalação do La Niña, que reduz o período de chuvas, as condições climáticas para a próxima safra de arroz são consideradas favoráveis. Conforme Siqueira, o fenômeno reduz os índices pluviométricos, mas garante maior quantidade de luz. Neste sentido, o engenheiro-agrônomo acredita que a produtividade média no ciclo 2010/2011 deverá ser superior à última safra.

Em nível estadual, essa tendência também se confirma, principalmente pela perspectiva de recuperação na área semeada no Rio Grande do Sul. Segundo informações apontadas na última edição da revista Lavoura Arrozeira, o Irga estima que sejam cultivados 1,125 milhão de hectares, superando os 1,088 hectares plantados na temporada passada. A publicação ainda destaca que o La Niña historicamente beneficia a lavoura arrozeira e deve proporcionar uma safra cheia.

Com o excedente de oferta, a recomendação é pela racionalização dos custos de produção e a busca pelo incremento de produtividade e qualidade. Embora a alta demanda possa reduzir o preço do produto, Siqueira destaca que é preferível ter mais estoque para comercializar. “É melhor vender 100 sacos a R$ 25,00 do que apenas 50 sacos ao mesmo valor.”

Há mais de seis anos o setor orizícola enfrenta dificuldades com os baixos preços pagos pela saca. O último ano em que os produtores conseguiram uma boa comercialização foi em 2004. “O preço chegou a R$ 42,00”, recorda. Na época, o valor do produto beneficiado nas prateleiras girava em torno de R$ 11,00 o pacote de cinco quilos. “Hoje, o orizicultor recebe menos, mas os consumidores continuam pagando praticamente o mesmo valor.”

Neste cenário, o custo de produção do grão também cresceu. Conforme levantamento feito pelo Irga em julho deste ano, o investimento por saco de 50 quilos é de R$ 29,01 – baseado em uma colheita de 139 sacos por hectare. Na região, estima-se que o custo seja ainda maior, devido às perdas registradas na última safra. “Para que os produtores tenham algum lucro, o valor mínimo deveria ser R$ 32,00”, explica o agrônomo.

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Fonte:
Gazeta do Sul

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