Indústria prevê novas altas da farinha

Publicado em 22/09/2010 08:28
Os preços da farinha de trigo no Brasil, que já subiram entre 12% e 13% desde junho, deverão ser corrigidos ainda mais para cima nos próximos meses. De acordo com Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico e conselheiro da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), os moinhos ainda precisam repassar ao preço da farinha um aumento de 5% a 8%, o que deverá ser feito até o fim do ano.

Segundo levantamento de preços da Safras & Mercado, a tonelada do cereal no norte do Paraná saiu do patamar de R$ 410, no início de julho, veio avançando lentamente, descolado da disparada no exterior, e desde a primeira semana de setembro está sendo negociada a R$ 480, uma alta de 17%.

"Mas já há compras sendo fechadas a R$ 500", diz um trader do mercado. Ainda assim, os preços internos estão mais baixos que a paridade de importação, o que ainda estimula os moinhos a comprar no mercado doméstico. Enquanto a tonelada do cereal de qualidade no norte do Paraná custa até R$ 500, no exterior (América do Norte) esse valor é de US$ 390 no porto no Brasil (cerca de R$ 670, ao câmbio de R$ 1,72).

A diferença se explica, em grande parte, pela Tarifa Externa Comum (TEC) de 10% que incide na importação do cereal de fora do Mercosul. E, ainda, pelo Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), de 25% sobre o frete da importação.

Os produtores devem buscar diminuir essa diferença entre os preços internos e externos, diz Pih. "Há espaço para mais altas. Não me surpreenderia se o cereal no mercado interno avançasse mais 10%", diz o empresário. Isso porque, segundo ele, além do trigo internacional chegar bem mais caro no Brasil, a produção nacional até agora se mostra com boa qualidade. "É possível comprar trigo duro no norte do Paraná", diz Pih.

Para exportar, o produtor brasileiro concorre com o trigo argentino; por isso, a rentabilidade está apertada com a remuneração trazida pelos preços internos. De acordo com a Safras & Mercado, a tonelada do cereal está sendo vendida no porto argentino a US$ 300 dólares, valor que é de US$ 305 posto no porto de Paranaguá (PR) com o produtor recebendo R$ 480 no norte do Paraná.

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Fonte: Valor Econômico

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