Boas perspectivas para cultivares de arroz em terras velhas

Publicado em 18/10/2010 07:06
Mato Grosso já foi o segundo maior produtor brasileiro de arroz, chegando a produzir mais de 2 milhões de toneladas na safra 04/05. Atualmente, está em terceiro lugar (atrás do Rio Grande do Sul e Santa Catarina), com produção 742 mil toneladas na safra 09/10, segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). Este ano a produção encolheu 7,62% em relação ao ciclo passado (804 mil toneladas) e a área plantada também recuou – caiu de 280 mil hectares para 247 mil hectares (-8,80), mesmo com a produtividade tendo aumentado 5%, saltando de 2,86 mil kg/hectare para 3 mil kg/hectare.

Mas, quem pensa que o arroz caiu no abandono, está enganado. “Produzimos menos [arroz] este ano, mas os preços melhoraram e o produtor ganhou novo ânimo”, diz o rizicultor Ângelo Maronezzi, com lavoura na região norte do Estado.

Segundo ele, com a queda da produção nos últimos anos – motivada pelos baixos preços e, principalmente, pelas restrições ambientais que vetaram a abertura de áreas novas para o cultivo do cereal – o arroz entrou em declínio em Mato Grosso e passou a ser uma commodity sem muita importância na pauta do agronegócio mato-grossense.

Mas, agora a realidade é outra. “Temos bons preços e muitos motivos para continuar otimistas em relação ao futuro da atividade”, conta Maronezzi, que é também ex-presidente da Associação dos Produtores de Arroz do Estado (APA).

Segundo ele, a produção registrou queda nos últimos anos devido à “indisponibilidade” de área para abertura de novas lavouras e às dificuldades impostas “por defensores do meio ambiente”. “Mas a cultura do arroz está migrando para terras velhas, na rotação com a soja, favorecida pela descoberta de novas cultivares”. Atualmente, 70% do arroz é plantado em áreas velhas, normalmente no período de outubro a dezembro.

“Acredito que o que tinha de diminuir em área plantada já diminuiu e a tendência é a retomada do plantio em escalas maiores”, lembra Maronezzi. Como a área plantada deverá repetir a do ano passado, os produtores apostam em menor oferta e preços remuneradores. Hoje, os preços oscilam entre R$ 36 e R$ 38 a saca de 60 quilos.

Com o novo sistema de produção, fazendo a rotatividade com a soja e a descoberta de novas cultivares, a atividade orizícola tende a ser retomada de uma forma mais rápida nos próximos anos. “Colhendo a soja até o dia 20 de janeiro, o produtor pode plantar o arroz superprecoce, de 80 dias, encerrando o ciclo com o sistema de rotação de cultura”.

PRIMEIRO ANO - O arroz sempre foi uma cultura de primeiro ano em terras novas. Plantava-se primeiro o arroz e, no ano seguinte, a área era usada para o plantio de soja e outras culturas, como o algodão e milho. Com a proibição de abrir novas áreas, o arroz perdeu espaço e parou no tempo.

Os produtores acreditam que, com as variedades que estão sendo lançadas no mercado, haverá uma retomada gradual da cultura. Novos materiais genéticos estão surgindo no mercado, adaptados às terras velhas.

A Agronorte, empresa produtora de sementes em Mato Grosso, lançou este ano mais duas variedades novas - uma híbrida e outra convencional. E, para 2011, mais duas variedades irão para o mercado. Com materiais novos, hoje a terra cultivada com a soja está sendo usada pelo arroz para fazer a safrinha. Muitos produtores estão usando o arroz para fazer a rotação de cultura.

Joel Gonçalves, presidente do Sindarroz, acredita que a partir de agora, com a descoberta de novas variedades adaptadas às terras velhas e degradadas, haverá uma nova arrancada da cultura no Estado.

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Diário de Cuiabá

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