Arroz: Conab não pode intervir em MT

Publicado em 19/10/2010 07:29
Com mercado remunerador a quem produz, estatal não precisou criar instrumentos de comercialização e não tem nenhum estoque regulador.
Beneficiadores de arroz de Mato Grosso estão mobilizados para reverter a perspectiva da falta de matéria-prima já na segunda quinzena de novembro, o que poderá inviabilizar o funcionamento de muitas indústrias ainda neste ano. A escassez do cereal foi mostrada com exclusividade pelo Diário na edição do último final de semana. Sem produto no mercado local, os empresários já começaram a trazer (importar) arroz do Rio Grande do Sul e pedem intervenção governamental para sustentar a importação, seja por meio de subsídios ao frete ou mesmo a revisão de alíquotas para entrada do produto no Estado.

Na avaliação do setor industrial, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deveria fazer leilões de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) para Mato Grosso, no Rio Grande do Sul, com frete subsidiado pela estatal.

Ao comentar a falta do produto para o suprimento das indústrias locais, o superintendente regional da Conab, Ovídio Costa Miranda, lembrou que o mercado é livre e o produtor independe de qualquer ação governamental para colocar seu produto à venda.

“A Conab nada pôde fazer este ano, pois a Companhia atua historicamente quando os preços de mercado estão abaixo do mínimo, o que não aconteceu este ano. Como não houve a necessidade de intervenção por conta dos bons preços pagos ao produtor, o governo federal não formou estoque regulador de arroz para minimizar o problema vivenciado pela indústria nesta entressafra”.

Lembrou, contudo, que a Conab pode em conjunto com a cadeia do arroz – produtores, indústrias, associações, secretaria de agricultura e sindicatos rurais – desenvolver estudos que venham a solucionar ou, na pior das hipóteses, minimizar o problema da falta de produto no período da entressafra, de forma a compatibilizar produção/estoque à necessidade das indústrias”.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Beneficiamento de Arroz do Estado (Sindarroz), Joel Gonçalves, disse ontem que concorda em sentar com os demais integrantes da cadeia para discutir uma saída definitiva para o problema do abastecimento de arroz em Mato Grosso.

A saída neste momento, segundo ele, é importar arroz do Rio Grande do Sul, como já está sendo feito por algumas beneficiadoras. “Hoje temos 33 indústrias funcionando no Estado e apenas quatro delas têm estoque para virar o ano. As demais podem parar daqui a menos de 30 dias (15 de novembro)”, alertou. Gonçalves acredita que o arroz adquirido pelas indústrias no Sul do país “pode solucionar o problema no Estado”.

De acordo com o Sindarroz, algumas empresas de Mato Grosso já estão trazendo o produto do Sul, inclusive pagando menos que o preço mínimo estipulado pelo governo federal (R$ 28,23). Pela saca de 50 quilos o valor cobrado no Rio Grande do Sul é de R$ 25,80, enquanto em Mato Grosso os preços do produto variam de R$ 38 a R$ 40/saca de 60 quilos na região norte.

OCIOSIDADE - Gonçalves lembra que no período da safra muitas indústrias chegaram a trabalhar em três turnos. “Agora trabalham em apenas um turno, mesmo assim com ociosidade e na iminência de paralisar as atividades por completo a partir da segunda quinzena do próximo mês caso não haja matéria-prima para beneficiar”.

A capacidade de beneficiamento de arroz é de 700 mil toneladas/ano. Em 2010, a indústria regional beneficiou cerca de 500 mil toneladas, sendo 200 mil para o suprimento local e 300 mil toneladas para abastecer outros estados. Mato Grosso “importou” ainda 20 mil toneladas para complementar as 220 mil toneladas necessárias ao abastecimento interno.

PRODUÇÃO - Mato Grosso já foi o segundo maior produtor brasileiro de arroz, chegando a produzir mais de 2 milhões de toneladas na safra 04/05. Atualmente, está em terceiro lugar (atrás do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina), com produção 742 mil toneladas na safra 09/10, segundo a Conab. Este ano a produção encolheu 7,62% em relação ao ciclo passado (804 mil toneladas) e a área plantada também recuou – caiu de 280 mil hectares para 247 mil hectares (-8,80%), mesmo com a produtividade tendo aumentado 5%, saltando de 2,86 mil kg/hectare para 3 mil kg/hectare.

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Fonte:
Diário de Cuiabá

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