EUA querem ampliar a venda de trigo ao Ceará

Publicado em 25/10/2010 07:20
Especialista do setor nos Estados Unidos prevê importação de 435 mil toneladas do produto pelo Brasil.
Os produtores de trigo dos Estados de Unidos estão de olho no mercado consumidor do Brasil, principalmente, da região Nordeste. Mas, enfrentam o menor preço do insumo oferecido pelos países do Mercosul, o baixo consumo de pão e a concorrência com a mandioca e arroz. E tudo isso em momento de especulação depois da crise na Rússia e Ucrânia, que fez disparar o preço do trigo no mundo.

O especialista em mercado para a América Latina da US Wheat Associates (Associação do Trigo nos EUA), Osvaldo Seco, diz que a meta da entidade é alcançar a marca de 1 milhão de toneladas do insumo vendidas ao País por ano. Em 2010, o setor deve exportar 435 mil toneladas ao Brasil, o que representa 20% das vendas para a América do Sul. Ele, no entanto, relembra que os EUA enviaram 920 mil toneladas aos moinhos brasileiros em 2008, quando a Argentina enfrentou problemas na produção. Naquele ano, o Uruguai e Paraguai também aproveitaram a oportunidade para ampliar suas vendas ao Brasil. Hoje, Seco reconhece que os americanos têm que se esforçar para driblar a concorrência com estes três países do Mercosul.

Vantagens

Para Seco, os diferenciais do trigo americano é a qualidade e, para o Nordeste, a maior proximidade com os EUA em relação às outras regiões. Mas, ele reconhece que os moinhos do Nordeste dão preferência ao produtor que oferece melhor preço. A partir desta realidade, ele diz que o trabalho da Associação visa mostrar que a qualidade do trigo pode oferecer um desempenho melhor o que compensaria o preço. "O trigo americano oferece uma eficiência maior para a moagem", argumenta. "Além disso, o consumidor hoje está mais exigente e prefere uma farinha de trigo de boa qualidade. Outro ponto, segundo Seco, é que o trigo americano está dividido em seis classes, enquanto o argentino não é tão classificado, são três categorias. "Para biscoitos, uma classe mais suave. Para, massa um trigo mais duro e de cor mais adequada ao produto final. Para pão, uma outra classe diferenciada", explica. Além do preço do trigo no mercado internacional, ele aponta outras barreiras: o consumo de mandioca e arroz, que têm forte penetração no Nordeste, e o baixo consumo de pão na região, em relação ao Sul e Sudeste brasileiros.

Seco esteve em Fortaleza ministrando o V Seminário Internacional de Moleiro Sênior, em parceria com o Senai. No encontro, foram debatidos temas tecnológicos e de mercado. Para alcançar o objetivo de vendas, a Associação, diz Seco, vai continuar o trabalho de relacionamento com os moinhos brasileiros, levando informação e capacitação.

Produção

O presidente do Sindtrigo (Sindicato das Indústrias de Trigo do Ceará) Luiz Eugênio Pontes diz que o trigo importado pelos moinhos do Estado vem, em grande parte da Argentina, mas também dos Estados Unidos, Canadá, Uruguai e do mercado interno. "São processados cerca de 60 mil toneladas de trigo por mês", calcula. "O Ceará é o segundo maior polo moageiro ".

De acordo com Pontes, o Estado importa dos EUA porque nos últimos anos a Argentina apresenta um abastecimento inconstante. Ele reconhece a superioridade americana em relação à qualidade e defende uma política de isenção tributária do produto para os moinhos do Nordeste, que segundo e ele, é a região que mais sofre com os problemas da Argentina, "que acontecem seja por questões climática ou políticas".

Preços

O dirigente diz que é difícil prever uma nova subida do preço do trigo. "Depois da crise da Rússia e Ucrânia, investidores compraram trigo no mercado futuro", explica. "O aumento do preço gerou uma especulação. O mercado não se rege mais pela oferta e demanda. Hoje, a Argentina, por exemplo, não vende trigo para fevereiro porque há uma sinalização de que o preço vai subir, mas tudo é mutável". Atualmente, os moinhos do Ceará estão pagando US$ 300 por tonelada de trigo, o que é considerado um patamar "altíssimo" para Ponte. Antes da crise, ou seja, no primeiro semestre deste ano, esta negociação estava abaixo de US$ 200

Produção

60 MIL TONELADAS de trigo por mês é quanto o Ceará processa , de acordo com o presidente do Sindtrigo, Luiz Eugênio Pontes. O insumo é importado da Argentina, EUA, Canadá e Uruguai.

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Fonte:
Diário do Nordeste

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