EUA querem ampliar a venda de trigo ao Ceará
O especialista em mercado para a América Latina da US Wheat Associates (Associação do Trigo nos EUA), Osvaldo Seco, diz que a meta da entidade é alcançar a marca de 1 milhão de toneladas do insumo vendidas ao País por ano. Em 2010, o setor deve exportar 435 mil toneladas ao Brasil, o que representa 20% das vendas para a América do Sul. Ele, no entanto, relembra que os EUA enviaram 920 mil toneladas aos moinhos brasileiros em 2008, quando a Argentina enfrentou problemas na produção. Naquele ano, o Uruguai e Paraguai também aproveitaram a oportunidade para ampliar suas vendas ao Brasil. Hoje, Seco reconhece que os americanos têm que se esforçar para driblar a concorrência com estes três países do Mercosul.
Vantagens
Para Seco, os diferenciais do trigo americano é a qualidade e, para o Nordeste, a maior proximidade com os EUA em relação às outras regiões. Mas, ele reconhece que os moinhos do Nordeste dão preferência ao produtor que oferece melhor preço. A partir desta realidade, ele diz que o trabalho da Associação visa mostrar que a qualidade do trigo pode oferecer um desempenho melhor o que compensaria o preço. "O trigo americano oferece uma eficiência maior para a moagem", argumenta. "Além disso, o consumidor hoje está mais exigente e prefere uma farinha de trigo de boa qualidade. Outro ponto, segundo Seco, é que o trigo americano está dividido em seis classes, enquanto o argentino não é tão classificado, são três categorias. "Para biscoitos, uma classe mais suave. Para, massa um trigo mais duro e de cor mais adequada ao produto final. Para pão, uma outra classe diferenciada", explica. Além do preço do trigo no mercado internacional, ele aponta outras barreiras: o consumo de mandioca e arroz, que têm forte penetração no Nordeste, e o baixo consumo de pão na região, em relação ao Sul e Sudeste brasileiros.
Seco esteve em Fortaleza ministrando o V Seminário Internacional de Moleiro Sênior, em parceria com o Senai. No encontro, foram debatidos temas tecnológicos e de mercado. Para alcançar o objetivo de vendas, a Associação, diz Seco, vai continuar o trabalho de relacionamento com os moinhos brasileiros, levando informação e capacitação.
Produção
O presidente do Sindtrigo (Sindicato das Indústrias de Trigo do Ceará) Luiz Eugênio Pontes diz que o trigo importado pelos moinhos do Estado vem, em grande parte da Argentina, mas também dos Estados Unidos, Canadá, Uruguai e do mercado interno. "São processados cerca de 60 mil toneladas de trigo por mês", calcula. "O Ceará é o segundo maior polo moageiro ".
De acordo com Pontes, o Estado importa dos EUA porque nos últimos anos a Argentina apresenta um abastecimento inconstante. Ele reconhece a superioridade americana em relação à qualidade e defende uma política de isenção tributária do produto para os moinhos do Nordeste, que segundo e ele, é a região que mais sofre com os problemas da Argentina, "que acontecem seja por questões climática ou políticas".
Preços
O dirigente diz que é difícil prever uma nova subida do preço do trigo. "Depois da crise da Rússia e Ucrânia, investidores compraram trigo no mercado futuro", explica. "O aumento do preço gerou uma especulação. O mercado não se rege mais pela oferta e demanda. Hoje, a Argentina, por exemplo, não vende trigo para fevereiro porque há uma sinalização de que o preço vai subir, mas tudo é mutável". Atualmente, os moinhos do Ceará estão pagando US$ 300 por tonelada de trigo, o que é considerado um patamar "altíssimo" para Ponte. Antes da crise, ou seja, no primeiro semestre deste ano, esta negociação estava abaixo de US$ 200
Produção
60 MIL TONELADAS de trigo por mês é quanto o Ceará processa , de acordo com o presidente do Sindtrigo, Luiz Eugênio Pontes. O insumo é importado da Argentina, EUA, Canadá e Uruguai.