Trigo de Mato Grosso é um dos melhores do mundo

Publicado em 05/11/2010 06:29
Grão de MT está entre os melhores do mundo e classificação coroa trabalho executado há décadas. Atestado deve ser marco à produção.
O trigo irrigado produzido, em Mato Grosso, acaba de ser classificado como um dos melhores do mundo, conforme resultado de análise apresentado ontem (4) pela manhã, durante reunião da Comissão Técnica Estadual do Trigo, na Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder). Os pareceres foram atestados pela Embrapa Trigo de Passo Fundo (RS) e pelo laboratório do Moinho Belarina, em São Paulo. A classificação coroa todo um trabalho de divulgação que vem sendo realizado há décadas Estado afora, trabalho esse ancorado sempre pelo engenheiro agrônomo, Hortêncio Paro. Com este marco para triticultura mato-grossense a expectativa local é de que a qualidade comprovada sirva de estímulo à expansão da cultura.

Com força de glúten igual a 349 graus joules (J) - que mede a qualidade do produto -, os grãos plantados em áreas irrigadas no município de Lucas do Rio Verde (a 360 quilômetros ao norte de Cuiabá) superaram o índice de “trigo melhorador”, que é igual ou acima de 300 graus J. A descoberta, bastante comemorada por alguns produtores e, em especial, pelo engenheiro agrônomo e pesquisador da Empresa Mato-grossense de Extensão Rural (Empaer), Hortêncio Paro, começa a ser vista como um estímulo ao aumento da produção. Paro, que há quase 30 anos se dedica ao aumento da produção local, diz que esse resultado significa que o Estado tem um grande potencial para a cultura do trigo.

Se pode produzir a melhor farinha, o Estado precisa mostrar que o plantio é compensador como forma de incentivar a produção. Mês passado, Paro coordenou uma reunião no município de Sorriso (a 460 quilômetros ao norte de Cuiabá), na qual participaram produtores, pesquisadores e representantes do moinho de trigo Belarina, que acaba de ser reativado em Cuiabá. A idéia de Hortêncio Paro é de que haja uma parceria entre o moinho, o único do Estado, e os produtores, casando produção com a indústria processadora dos grãos.

O engenheiro agrônomo do Banco do Brasil, José Vilmar Costa, informou aos membros da Câmara Técnica que a instituição dispõe de linha de crédito, com juros de 6% ao ano, para a industrialização dos grãos.

Paro está planejando ir à Brasília no próximo dia 18, participar de uma reunião em busca de um projeto de incentivo à produção de trigo em áreas de fronteira, como Mato Grosso, além de iniciar uma discussão sobre a necessidade de se estabelecer preço mínimo para o saco de trigo. A Seder também está aguardando para dezembro, a participação do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa na Agricultura (Embrapa), Sérgio Dotto, em uma reunião da Câmara Estadual do Trigo. A expectativa é de que Dotto anuncie investimentos para pesquisas nessa cultura no Estado para 2011. O mesmo é esperado da Fundação de Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat).

NÚMEROS - Conforme Paro, ano passado o Estado plantou menos de 300 hectares de trigo. A maior lavoura era de Lucas do Rio Verde, da fazenda Três Pinhais, com 242 hectares irrigados. Mas para um Estado que consome 10 toneladas de farinha de trigo ao mês, a área plantada não atende à 5% da demanda.

Já em Alto Taquari (município a 479 quilômetros ao sul de Cuiabá), um triticultor cultivou 30 hectares de trigo de sequeiro. Em 2008, ele plantou mais de 180 hectares. A produtividade das terras mato-grossenses varia entre 60 a 80 sacas de trigo por hectare. O custo de produção de R$ 1,7 mil por hectare, o trigo é comercializado entre R$ 34 e 35 o saco de 60 quilos, gerando um lucro que varia entre 22% e 25% para o produtor.

SABOR MT - Ao final da reunião, o Moinho Belarina ofereceu um café da manhã com produtos feitos com farinha de trigo mato-grossense, processada a partir de grãos da lavoura de Lucas do Rio Verde. No cardápio, torta, esfirra, coxinha, quibe e outros salgadinhos.

Márcio Rúbio, coordenador administrativo do moinho, explicou que a industrialização de trigo foi retomada há um ano, precisamente em novembro de 2009. Entretanto, a indústria continua ociosa, operando com menos de 30% de sua capacidade. Com capacidade para processar 3 mil toneladas ao mês, desde que voltou a funcionar recebeu somente 8 mil toneladas vindas de estados como Rio Grande do Sul, Paraná e do Paraguai. O Belarina é o antigo Moinho Mato Grosso, que existe desde 1986, que por causa da baixa produção de trigo foi fechado e desativado pelo menos três vezes. Agora, na tentativa de mantê-lo em operação, além de adquirindo o grão de outros estados seus novos donos estão introduzindo a farinha branca, integral e outros derivados nos atacadistas e redes de supermercados da Grande Cuiabá.

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Fonte: Diário de Cuiabá

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