Mercado prevê prêmio de R$ 100 para leilão de trigo

Publicado em 10/11/2010 06:39
Diante da inércia pela qual atravessa o mercado de trigo no Brasil, que não reage nem com a valorização internacional, e da consequente retração das cotações abaixo do preço mínimo, o governo federal anunciou ontem que ofertará até R$ 300 milhões em subsídios para comercialização de trigo desta safra 2010, por meio dos prêmios de Escoamento de Produto (PEP) e Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro).

A demanda dos produtores do Paraná e do Rio Grande do Sul é de apoio para até 3 milhões de toneladas do cereal no total, o que faz o mercado especular que o valor do prêmio por tonelada ficará na casa dos R$ 100, o que tornaria o cereal brasileiro altamente viável para competir na exportação até com o trigo argentino.

"Acreditamos que será entre R$ 60 e R$ 100 por tonelada", diz Élcio Bento, analista da Safras & Mercado. Ele calcula que se for R$ 60, o trigo brasileiro já ficará mais competitivo para exportação do que o da Argentina. Atualmente, a tonelada do trigo argentino posto no porto do país está valendo US$ 295, valor que para o cereal brasileiro está na casa dos US$ 309. "Com o prêmio de R$ 60, o valor do trigo nacional cai para US$ 273 no porto", diz.

A repercussão do anúncio dos leilões para trigo foi positiva ontem, mas há algumas questões importantes ainda em aberto, explica o analista da Safras. Entre elas, se os leilões incluirão ou não as regiões produtoras.

Essa realmente é uma preocupação dos triticultores, diz o gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra. É importante, segundo ele, que os leilões sejam realizados para fora das regiões produtoras.

A intenção dos triticultores é enxugar a oferta nas regiões de produção para que os preços parem de sofrer pressão de excesso de oferta e voltem a subir, acompanhando o movimento internacional. Desde julho, as cotações do trigo avançaram 58,51% na bolsa de Chicago, segundo o Valor Data. No mercado do Paraná, a variação no mesmo período foi bem menor (14%), segundo a Safras & Mercado, com a saca valendo entre R$ 460 e R$ 470.

Atualmente, explica Turra, a paridade de importação está na casa dos R$ 530 a tonelada no interior do Paraná, maior produtor nacional do cereal. Mas o preço de mercado no interior chega a valer R$ 430, segundo informações da Ocepar. Hoje, produtores e indústria se reúnem com o governo para acertar os detalhes dos leilões.

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Fonte: Valor Online

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