PEP fracassa e preços do arroz seguem abaixo do mínimo de referência

Publicado em 08/12/2010 08:55
Cadeia produtiva volta a pedir mecanismos mais efetivos ao governo federal. Expectativa é de um PEP pra próxima semana com prêmio maior que os R$ 3,50 por saca. E que isso repercuta positivamente nos preços do mercado livre. Fracasso do PEP mantém preços médios abaixo dos R$ 25,80 no Rio Grande do Sul.

Os preços do arroz em casca no mercado gaúcho, que encerraram o mês de novembro valorizadas em 1,46%, e cotadas a R$ 25,70 segundo o indicador do Arroz Cepea-Bolsa Brasileira de Mercadorias (BVM&F), acumularam até esta terça-feira (7/12) uma queda de 0,8% para R$ 25,49. Em dólar, a cotação desta terça-feira alcançou US$ 15,17, valorizando 1,21%, seja pela depreciação dos valores internos ou a do dólar frente à moeda brasileira.

As cotações de novembro apresentaram reação positiva calcadas nos mecanismos de comercialização (PEP) apresentados pelo governo federal como medida de resgate do mercado do arroz no Sul do Brasil. A estratégia fracassou, como evidenciou o segundo leilão, nesta terça-feira (7/12), quando o leilão de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), realizado pela Conab alcançou meros 24,6% de comercialização.

O pregão era de 125 mil toneladas de arroz, sendo 110 mil para o Rio Grande do Sul (vendeu 28.750/t) e 15 mil toneladas para Santa Catarina (vendeu 2 mil). A operação movimentou R$ 2.152.500,00 em dinheiro, sendo que os volumes comercializados chegaram a R$ 26,1% para o Rio Grande do Sul e 13,3% para Santa Catarina. O prêmio de abertura foi igual ao de fechamento: R$ 0,07 por quilo, ou R$ 3,50 por saca.

Enquanto a cadeia produtiva se organiza para cobrar apoio do governo federal, que tem o dever legal de assegurar pelo menos o preço mínimo de comercialização ao arroz: R$ 25,80 por saca de 50kg em casca (58x10), alguns analistas acreditam que o “esvaziamento dos leilões” foi estratégico, forçando um apoio (prêmio) maior. Os dirigentes arrozeiros, no entanto, asseguram que a reação foi natural em razão da nova realidade do mercado, com a volta da desvalorização do dólar perante o Real, que alterou os preços praticados pelas empresas de comércio internacional nos portos brasileiros, e retirou a vantagem do PEP para remessas ao mercado externo. O prêmio, diante das atuais condições, não seria atraente o suficiente. Hoje, segundo fontes do setor, o prêmio precisaria ser ampliado em R$ 1,00 por saca. A demanda é por um leilão antes do Natal.

No mercado internacional apenas a Tailândia manteve alta na última semana de novembro, enquanto os Estados Unidos e boa parte da Ásia, onde inicia a safra, mostraram estabilidade e até alguma retração. O Mercosul se comportou entre uma ligeira evolução positiva e estabilidade.

Internamente, o mercado catarinense apresenta preços médios estabilizados entre R$ 26,00 e R$ 27,00 na maioria das regiões. No Mato Grosso, a oferta deficitária e a busca de matéria-prima em outros estados mantém preços na faixa de R$ 40,00 a R$ 41,00 para a saca de 60 quilos (55% acima).

No Rio Grande, a aproximação da safra passa a oferecer uma pressão cada vez maior a cada semana, razão da pressa do setor por pelo menos um leilão de PEP com prêmio maior antes do Natal. As festas de fim de ano tendem a esfriar o mercado. E as férias também costumam ser marcadas por retração no consumo de arroz. A lavoura catarinense para a safra 2010/11 já está toda cultivada. No Rio Grande do Sul, pequenas áreas com problemas de água para irrigação e necessidade de banhar os quadros, ainda estão sendo plantadas, em volume insignificante. No Mato Grosso o plantio atrasou em razão da demora na entrada das chuvas.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 24,80 para a saca de arroz em casca de 50 quilos como referência para o Rio Grande do Sul e R$ 53,00 para a saca de 60 quilos de arroz branco. Aponta a contínua valorização dos subprodutos e derivados para a exportação, com o canjicão cotado a R$ 32,90, a quirera a R$ 25,90 (ambos 60kg) e o farelo de arroz a R$ 270,00 a tonelada/CIF.

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Fonte:
Planeta Arroz

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1 comentário

  • Telmo Heinen Formosa - GO

    PEP para estes casos não serve. A solução é enxugar o mercado. A maior culpa pela falta de AGF é dos agricultores que não querem constituir Pessoas Juridicas capazes de armazenar o produto para a Conab. Temem que percam a capacidade sonegadora, mais fácil com o CPF. Quando sobra mercadoria, PEP só serve para mudar o problema de local. Muitos produtores poderiam em seu próprio pátio "vender" o produto para o Governo, sem maiores custos de transporte, descontos etc... coisas sempre muito reclamadas. Depois do WikiLeaks a gente pode ser mais franco...

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