Safra maior e Mercosul farão preço do arroz cair em 2011

Publicado em 21/12/2010 06:29
O mercado de arroz nacional deve assistir em 2011 a uma queda acentuada nos preços. Essa tendência é baseada em um tripé: produção elevada, estoques altos e importação do Mercosul.

De acordo com o Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga), a produção brasileira no próximo ano será 22% maior, saltando de 6,7 milhões de toneladas em 2010, para 8,2 milhões toneladas em 2011. Além disso, o estoque de passagem do grão já supera 1 milhão de toneladas. Para completar o quadro, o País tem recebido, sem restrições, arroz de Argentina, Uruguai e Paraguai.

Ainda de acordo com o Irga, a área plantada com arroz no Brasil na safra 2010/2011 supera a marca de 1,150 milhão de hectares, contra 1,053 milhão de 2009/2010.

Normalmente o aumento de área e produção na agricultura é o reflexo de uma safra anterior rentável, no entanto esse exemplo não condiz com a realidade apontada pelos rizicultores do Rio Grande do Sul.

Segundo Maurício Fischer, presidente do Irga, o segmento passa por sérias dificuldades. A primeira é em relação ao Prêmio de Escoamento da Produção (PEP), que estava pagando pela saca de 50 quilos de arroz um valor abaixo do mínimo estipulado. "O prêmio que o governo tem colocado, tanto em função do mercado internacional, quanto da desvalorização do dólar, não está ajudando a ter a exportação que desejamos. Queremos que o prêmio seja um pouco maior e cubra pelo menos os custos", diz.

Outro ponto que está tirando o sono do agricultor gaúcho, segundo Fischer, é o volume importado de países do Mercosul. De acordo com ele, esse montante é desnecessário diante da atual relação oferta e demanda no Brasil.

Por conta de tributos e taxas, o custo brasileiro está avaliado em US$ 2,3 mil por hectare, enquanto esses países gastam em média US$ 1,4 mil. "Não precisamos importar arroz. Como não temos nenhuma limitação em relação a isso, o produto da Argentina, Uruguai e Paraguai entra no País e tira a nossa competitividade, gerando grande excedente", afirma.

Para o produtor Walter Arms, de Uruguaiana (RS), essa situação não pode ser resolvida com PEP ou qualquer outro instrumento de comercialização. Segundo ele, a medida favorece os países que importam para o Brasil. "Tanto o PEP como qualquer outro instrumento de comercialização que venha a incentivar o aumento dos preços no mercado interno brasileiro vai refletir em todo o Mercosul. O Brasil não precisa importar arroz, mesmo porque, depois, precisamos nos virar para exportar todo esse excedente, dificultando a melhora de preço no mercado interno", diz.

Arms não vê nos programas de comercialização a solução para os problemas do setor. Ele defende a redução de tributos para os produtores brasileiros, que dará ao arroz do País maior competitividade. "O Brasil está com uma enorme dificuldade para exportar os excedentes em função do tipo de câmbio que estamos vivenciando. Temos que encontrar outros mecanismos, pois o PEP e o preço mínimo não servem. Precisamos lutar pela redução do custo Brasil, essa é a única forma para nos tornarmos competitivos com nossos colegas do Mercosul." Além disso, tanto a Argentina quanto o Uruguai e o Paraguai não possuem limites de valor ou quantidade para negociar a venda de arroz com o Brasil e, em alguns casos, são isentos de tributação. "Esses países procuram portos que não cobram o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação [ICMS] sobre o arroz, como no Maranhão, Sergipe e Rio de Janeiro. Com isso o produtor brasileiro fica com o arroz na mão", disse Fischer.

Com a previsão de uma produção maior em 2011 e um estoque de passagem que supera 1 milhão de toneladas, o presidente do Irga não descarta a possibilidade de excesso de oferta e uma rentabilidade ao produtor muito baixa. "A tendência, juntando volumes do Mercosul e nossa colheita, será de oferta em excesso. Quando isso acontece temos preços baixos no mercado interno", disse Fischer.

Apesar dos esforços do governo em criar novos leilões, o cenário não deve mudar em 2011, para Fischer o produtor está de mãos atadas vendo a sua produção crescer naturalmente.

O mercado de arroz deve assistir em 2011 a uma queda acentuada nos preços. Essa tendência é baseada no tripé: produção elevada, estoques altos e importação do Mercosul.

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Fonte:
DCI

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