Federarroz busca alternativas de consumo para o arroz

Publicado em 21/12/2010 10:00
Bioenergia e ração animal estão entre as metas que o setor buscará, além da exportação e de formas de incentivar o consumo humano.
O impacto do aumento produtivo de duas toneladas por hectare nos últimos sete anos pelas lavouras de arroz gaúchas, e da redução do consumo nacional do grão segundo o IBGE, levaram a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) a estabelecer uma nova estratégia com vistas à valorização futura do cereal. Nos próximos dias a Federarroz iniciará tratativas com o futuro secretário da Agricultura e Pecuária do Estado, Luiz Fernando Mainardi, com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e com as unidades da Embrapa (Clima Temperado e Arroz e Feijão) e Universidades, objetivando o início de estudos para o uso do cereal em projetos de bioenergia e ração animal.

 Segundo Renato Rocha, presidente da Federarroz, muitos pecuaristas gaúchos estão substituíndo o milho pelo arroz na suplementação alimentar de bovinos em razão de ser um produto abundante e mais barato. “Um saco de milho vale praticamente 25% a mais que um de arroz”, avisa. Segundo ele, essa alternativa pode ser ainda mais viável se os centros de pesquisas gerarem variedades de mais alta produtividade (entre 12 e 15 mil quilos), com características específicas para ração animal.

“Hoje as variedades são lançadas com o objetivo de ter alto rendimento de engenho, grãos brancos, vítreos, não-gessados, inteiros, que cozinhem rapidamente e fiquem soltinhos na panela. Para ração animal pode ser gessado, quebrado, glutinoso. O importante é que tenha alta produtividade e seja facilmente transformado em carne bovina ou o suína”, explica. Uma das principais granjas de produção de suínos “light” do Brasil, em Itaqui (RS), usa rações a base de arroz com muito sucesso. O mesmo se aplicaria às variedades com alto teor de óleo, destinadas à produção de biodiesel, por exemplo.

Valter José Pötter, presidente do Conselho Consultivo da Federarroz, explica que o objetivo é proporcionar ao arrozeiro, no futuro, a escolha entre produzir grãos para consumo humano, para bioenergia ou ração animal. “Isso permitiria manter a expansão de área e produção, sem afetar tão drasticamente o mercado e os preços no futuro”, considera Pötter. Segundo ele, a alternativa seria não só do setor de carnes, como das cooperativas e indústrias de rações. As medidas, porém, estão diretamente relacionadas a outras demandas setoriais.

 
O Brasil precisa de um planejamento estratégico e ações para conter a invasão de arroz do Mercosul com vantagens competitivas sobre o produto interno, que afeta o mercado e a produção nacional, e adotar mecanismos de exportação mais eficientes. E também é preciso incentivar o consumo, pois a queda pode tornar-se assunto de saúde pública. O arroz com feijão é um prato defendido pelos especialistas como altamente nutritivo, ao contrário dos fast-foods e da comida industrializada que têm baixo poder nutritivo e engordam. “Precisamos de campanhas nacionais e estaduais de apoio ao consumo de arroz”, acrescenta Renato Rocha.

 FUTURO

O presidente da Federarroz, enfatiza que os números do IBGE revelam um novo cenário para o Brasil. “Por estes números, fica claro que o País não precisa importar arroz para abastecimento interno, que explica em parte os preços atuais, pois há um milhão de toneladas de excedentes do Mercosul entrando no mercado nacional”, revela. E pode piorar: há uma expectativa de um grande excedente de arroz em 2020, no MERCOSUL (Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina), levando em conta a expansão produtiva e de área deste bloco. E o Brasil é o principal mercado consumidor.

Desta forma, a Federarroz entende que para garantir a sustentabilidade econômica do setor produtivo, é preciso que os governos federais e estaduais estabeleçam medidas claras e viáveis de exportação, ampliação do consumo humano e alternativo (bioenergia e rações). Segundo Rocha, há algumas iniciativas muito pontuais de algumas empresas, como produção de macarrão de arroz, barras de cereais, entre outros. “Mas, ainda não há uma ação oficial e nacional de incentivo a estas alternativas. E é isso que queremos”, argumenta.

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Fonte:
Federarroz

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