Análise do mercado internacional de arroz

Publicado em 14/02/2011 15:41

Em janeiro, os preços mundiais se retraíram em todos os mercados de exportação, exceto no Paquistão, onde as disponibilidades começaram a ser mais escassas devido à queda da produção em 2010. Globalmente, os principais exportadores têm abundantes disponibilidades, enquanto a demanda mundial deve se manter estável, mais uma vez, em 2011, especialmente na Ásia, onde as necessidades de importação podem continuar quase sem alteração.

Assim, ospreços mundiais não devem registrar muitas pressões altistas, pelo menos durante o primeiro semestre do ano. Por outro lado, o mercado deverá contar com novos exportadores, começando pelo Camboja, que já busca entrar em novos mercados, como a Europa Ocidental.

Em janeiro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu 6,0 pontos para 237,0 pontos (base 100 = janeiro de 2000) contra 243,0 pontos em dezembro. No início de fevereiro, o índice IPO mantinha-se em 235 pontos.

Produção e comércio mundiais

Segundo a FAO, a produção mundial em 2010 aumentou 2,5% em relação à campanha 2009/2010. Apesar das más condições climáticas em certos países asiáticos, a produção mundial deve se aproximar de 700 milhões de toneladas (467Mt na base arroz branco) contra 683Mt de arroz em casca em 2009.

As colheitas têm sido satisfatórias na maioria das regiões do mundo, exceto no Paquistão, onde a produção caiu um terço em função de graves inundações, mas sem consequências significativas para o mercado mundial.

Em 2010, o comércio mundial permaneceu relativamente estável em 30,6Mt contra 30,4Mt em 2009. Esta estabilidade pode prosseguir em 2011. As reservas dos principais exportadores mundiais permitem considerar um ano sem maiores tensões no mercado de arroz, ao contrário de outros mercados de grãos, afetados por pressões altistas, devido a colheitas menores e queda das reservas mundiais.

Os estoques mundiais de arroz, no final de 2010, haviam aumentado para 130Mt contra 125Mt em 2009. Estas reservas representam 29% das necessidades mundiais. Em 2011, se espera uma nova alta para 137Mt. Mas esta pode ser revisada para baixo devido ao possível aumento do consumo mundial.

Mercado de exportação

Na Tailândia, os preços caíram em janeiro, apesar da perspectiva de novos contratos, especialmente com a Indonésia. Não obstante, esta provocou certa firmeza dos preços no final de janeiro. O governo tailandês pode vender uma parte de suas antigas reservas em vista da pronta chegada da nova colheita. Em 2010, as exportações finalmente alcançaram 9Mt contra 8,5Mt em 2009.

As projeções para 2011 indicam um novo incremento para 10Mt. Em janeiro, o Tai 100%B marcou US$ 530/t Fob contra US$ 556 em dezembro. No início de fevereiro, este marcava para US$ 530. O quebrado A1 Super também caiu para US$ 410/t contra US$ 420/t em dezembro.

No Vietnã, os preços de exportação caíram cerca de 2% em um mês. A nova colheita começa a entrar e a oferta se faz mais abundante. Em 2010, as exportações quase alcançaram um nível de 7 Mt contra 6 Mt em 2009. Em 2011, as previsões indicam uma retração das exportações para 6 Mt, mas estas podem ser revisadas para cima graças a preços competitivos. O Vietnã busca aumentar suas vendas de arroz parboilizado; um mercado dominado atualmente pelos tailandeses. Em janeiro, o Viet 5% marcou US$ 481/t contra $ 493/t em dezembro. O Viet 25% também caiu para US$ 444/t contra US$ 454 antes.

No Paquistão, ao contrario de outros mercados, os preços aumentaram 2% em relação a dezembro. As fortes inundações que afetaram cerca de um terço da produção arrozeira do país começam a influenciar nas disponibilidades exportáveis de 2011. As exportações paquistanesas podem cair 25% em relação ao ano anterior. O Pak 25% foi cotado a US$ 428$/t contra US$ 418/t em dezembro. No início de fevereiro, este marcava US$ 430/t.

Na India, apesar das boas colheitas arrozeiras em 2010, 100Mt contra 90Mt em 2009, as autoridades indianas mantêm as restrições de exportação de arroz não aromático, vigentes desde o final de 2007, com algumas exceções, como com o vizinho Bangladesh. Estas medidas buscam, segundo as autoridades, lutar contra as tendências inflacionárias que afetam atualmente os mercados internos na India.

Nos Estados Unidos, os preços de exportação tiveram nova baixa. Por outro lado, na Bolsa de Chicago, os preços futuros para março e maio de 2011 subiram 10% em resposta ao anúncio de uma possível retração das áreas semeadas neste ano, em função da redução dos preços pagos ao produtor. Em janeiro, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 ficou em US$ 595/t contra US$ 605 em dezembro.

No Mercosul, os preços de exportação também recuaram 3% em relação a dezembro. Nos mercados internos, e especialmente no Brasil, os preços cederam mais de 10% em um mês. A nova colheita deve começar no final de fevereiro, e se estima que o potencial exportável a nível regional poderia ultrapassar 2,5 milhões de toneladas em 2011. Haveria assim urgência em buscar novos mercados, sob a pressão de queda dos preços internos. Já os produtores brasileiros estimam que os preços pagos estariam abaixo dos custos de produção e contam com as compras do governo federal para sustentar os preços do arroz.

Na África, a produção poderia aumentar 3% em 2011, graças a uma extensão das áreas e a maiores rendimentos. Mesmo assim, este aumento continuaria sendo insuficiente para compensar o constante aumento do consumo interno, de 5% em 2011. Assim, as importações podem crescer 4% em relação a 2010.

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Fonte:
Planeta Arroz

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1 comentário

  • Flavio Schirmann Formigueiro - RS

    Acredito que com a melhoria da rentabilidade em outras atividades rurais, nos próximos anos, poderemos ter redução de área semeada com arroz, com a consequente redução do volume toal produzido, tanto no Brasil como nos países do Mercosul, isso fará voltar o equilíbrio entre a oferta e demanda do mercado interno do arroz. Mas nós produtores devemos fazer nosso dever de casa, semeando apenas as melhores áreas e substituindo aquelas com maior custo. Também o Banco do Brasil deve financiar a troca de atividade nestas áreas onde a produção e écomicamente inviável nos preços atuais.O único problema é o passívo que carregamos desde o ano de 2004...Ali é que devemos concentrar nossa atenção...

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