La Niña não acabou e deve manter preços do trigo em alta

Publicado em 07/04/2011 07:50 e atualizado em 07/04/2011 08:30
Relatórios do Rabobank que chegaram às mãos da editoria do boletim Trigo &Farinhas nesta quarta-feira analisam as perspectivas de preços dos grãos, especialmente do trigo, para os próximos meses, com base na continuação dos efeitos do La Niña.

Os preços das commodities agrícolas devem manter os seus prêmios de risco nesta temporada diante da possibilidade de continuação da ruptura generalizada dos padrões do clima ao redor do Mundo, segundo informou relatório do Rabobank nesta quarta-feira.

Em nota divulgada sobre a Austrália, o banco contestou as informações preliminares de que os efeitos do La Niña estavam desaparecendo.
Embora o Escritório de Meteorologia da Austrália acredite que as condições meteorológicas estejam “susceptíveis à tendência de volta à posição neutra até o final do inverno no Hemisfério Sul, uma série de outros indicadores continuam a apontar para eventos bem expressivos do La Niña que  ainda permanecem”, afirmou o Rabobank.

Golpe duplo

Os efeitos do La Niña historicamente se deterioram no outono (do Hemisfério Sul). No entanto, não parece ser o caso deste ano.

“Provavelmente estamos diante do caso de um golpe duplo. É muito provável que o La Niña retorne ainda este ano”, afirmam com todas as letras os analistas do Rabobank, destacando sinais de nebulosidade e os chamados indicadores Enso, que comparam as diferenças de pressão entre o Taiti e a Austrália.

Enquanto persistir esta situação de insegurança, os mercados mundiais continuarão atentos ao clima e os prêmios de risco  deverão continuar a fazer parte dos preços”, concluiu o Banco.
O banco destacou os riscos que uma continuação do fenômeno La Niña poderia apresentar ao abastecimento de trigo de alta padrão, com danos à sua qualidade, que chuvas torrenciais poderão causar aos plantios da Austrália, Canadá e Alemanha, além da seca da Rússia, foi a responsável pelos problemas da safra 2010/11.

Problema sério

Os comentários seguem o foco, renovado neste mês, sobre o destino do La Niña, que é ligado às águas do Pacífico, em oposição às temperaturas mais mornas do oceano, que estava previsto para diminuir em junho.

Na semana passada o Serviço Britânico de Meteorologia alertou para o risco das culturas de trigo na China e nos Estados Unidos (reproduzidos neste boletim), que podem durar mais dois meses.
Jim Dale, meteorologista  sênior do SBM, disse que se o padrão durar tanto tempo “vamos ter sérios problemas”. “O tempo é o ponto determinante”, disse”. “Se você perder tempo, você está perdendo quantidade, qualidade e dinheiro”, completou.

Nos Estados Unidos, o La Niña tem sido acusado de produzir um padrão de clima que trouxe seca às planícies do Sul, prejudicando a cultura do trigo vermelho de inverno e provocando um tempo chuvoso nas áreas do norte, onde deverá ser plantado o trigo de primavera.
O padrão climático está também associado com o aumento do frio no inverno do Hemisfério Norte, a uma monção prolongada em Portugal, a condições de chuva em partes da América do Sul e ciclones no estado australiano de Queensland, como o ocorrido com o ciclone Yasi, em fevereiro.

Na Austrália, o Rabobank notou o risco do plantio tardio nos estados da costa leste, porque podem ocorrer novamente as chuvas que atingiram esta região em 2010/11 e prejudicaram a qualidade de mais de 7 milhões de toneladas de trigo.

Assim, as condições na Austrália Ocidental, a maior área produtora de grãos do país, são o fator limitante na capacidade da Austrália de produzir uma safra recorde em 2011/12. Nesta região as condições ainda são de ida e vinda, depois que a seca do ano passado reduziu a produção nesta região em mais de 40% para 4,7 milhões e toneladas. A previsão de precipitação média e temperaturas acima da média “não são exatamente a perspectiva otimista que a Austrália vinha procurando”, quando o que o país necessita é umidade abundante e temperaturas bem frias para reduzir a evaporação. “Simplesmente, as expectativas atuais sobre o clima ainda não são consistentes para um ano em que se espera a recuperação das colheitas”, concluiu o Rabobank.

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Fonte:
Trigo & Farinhas

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