Trigo: Quais as verdadeiras conseqüências da volta das exportações russas e ucranianas?
A Ucrânia tem um potencial entre 22 e 23 milhões de toneladas, ante 11 milhões exportadas nesta temporada, segundo informou ontem, quinta (14) Serhiy Feofilov, diretor da UkrAgroConsult.
Há a expectativa de que uma boa safra do Hemisfério Norte possa pesar sobre os preços. E já há alguns sinais disto, nos mercados russo e ucraniano, disse o operador de uma corretora australiana. A safra russa pode variar entre 80 e 88 milhões de toneladas, segundo previu o Instituto para Mercados Agrícolas na última quinta-feira (14). A última estimativa de produção russa para a safra 2010/11 do próprio Instituto era de 84 milhões de toneladas, feita em fevereiro.
A Rússia proibiu as exportações de grãos em 15 de agosto de 2010 até 01 de julho de 2011 depois que uma seca arrasou as suas culturas de grãos em 37%, colocando em risco o abastecimento interno do país. A Rússia foi o segundo maior exportador mundial de trigo na temporada 2009/10, antes das lavouras sofrerem a pior seca em meio século. As últimas exportações de trigo da Rússia foram de .... toneladas, feitas na temporada....
O que acontecerá se a Rússia e a Ucrânia voltarem a pleno?
Se estes dois países voltarem a exportar como nos bons tempos, haverá uma injeção adicional de aproximadamente 28 milhões de toneladas a mais no mercado mundial, considerando que a Ucrânia elevará em mais 11 milhões as suas exportações e a Rússia voltará a embarcar mais 18 milhões.
Contudo, há que se considerar o seguinte:
a) O atual quadro de oferta e demanda mundial de trigo supõe um déficit de aproximadamente 15,4 milhões de toneladas, que é a diferença entre os estoques finais das safras 2009/10 (197,91 milhões de toneladas) e 2010/11 (182,83 milhões de toneladas), que está sendo suprido com os estoques da safra anterior;
b) A demanda cresceu mais do que a oferta, especialmente porque se prevê que o trigo cubra parte do déficit dos estoques mundiais de milho na próxima temporada, estimados em pelo menos 41,22 milhões de toneladas;
c) As lavouras dos Estados Unidos e da China estão sob grande ameaça de seca, assim como as lavouras da França e da Alemanha. Ainda não é certo que tenham grandes problemas, mas também não é certo que a Rússia e a Ucrânia terão grandes excedentes exportáveis. Contudo, o mercado sempre antecipa situações e os investidores tomam suas decisões sobre estas estimativas.
Pelo sim, pelo não, os preços estão cerca de 63,06% (brando) e 74,53% (duro) mais altos do que os do ano anterior. O fechamento da tonelada de trigo brando no Golfo do México está a US$ 302,87 e a de trigo duro está a US$ 347,42, contra US$ 185,74 e US$ 199,06, respectivamente, de um ano atrás. Comparadas com os custos de produção do trigo no Brasil, as cotações do trigo brasileiro para dezembro de 2011 apresentam uma oportunidade de lucro ao redor de 20%.
Diante disso, o triticultor brasileiro tem uma certeza e uma incerteza: a certeza é de que hoje o preço é este, com lucro e a incerteza é de que existe a possibilidade remota de ele cair ou até subir mais. Então, qual é a recomendação? Pegar o pássaro que tem na mão, isto é, tentar fixar os preços da próxima safra, nos níveis firmes e garantidos que se apresentam no momento. Se houver chance de subir mais futuramente, vende outros lotes adicionais e assim por diante. Se o mercado cair, terá pelo menos vendido alguns lotes bem. Mas, se continuar atento, tomará decisões antes que isto aconteça. Seguir o mercado diariamente é uma obrigação de quem se mete no negócio de trigo. Para isto existe o boletim diário Trigo&Farinhas, que segue o mercado, apresenta as notícias e as comenta, dizendo de onde vão e para onde levam,isto é,quais as conseqüências que podem ter sobre os preços do triticultor brasileiro.