Justamente porque está muito alto, mercado do trigo futuro está mais vulnerável
Ainda sobre estoques e tendência dos preços domésticos do trigo
Depois da entrevista que demos ao Canal Rural nesta segunda-feira sobre a tendência dos preços do trigo, principalmente para o produtor brasileiro, ocorreu-nos a seguinte pergunta: por que ainda resta trigo não comercializado da safra 2010/11? Estima-se que algo ao redor de 850 mil a 1,0 milhão de toneladas ainda estejam nesta situação. E nossa pergunta é: por quê? Por quê, se houve várias chances de comercialização: a) leilões do governo, que comprou cerca de 1,2 milhão de toneladas; b) compras dos moinhos, que adquiriram cerca de 2,23 milhões de toneladas no período; c) exportação, que escoou 1,45 milhão de toneladas. Porque será que os donos deste trigo que sobrou não aproveitaram tantas oportunidades para vender? O que queriam? Se os preços estavam bons para a maioria dos outros produtores, porque para eles não estavam? Custos mais elevados? Isto não é culpa do governo, nem do mercado, mas deles mesmos, pois para os demais não pareciam tão elevados assim. Esperar por preços melhores? Será que o custo do carregamento de sete meses desta posição de setembro/10 até agora, abril/11 compensou em termos de juros do dinheiro que seria aplicado se tivesse sido vendido logo depois da colheita, mais os custos da armazenagem de sete meses (altíssimos)? A que preço teria que ser vendido este trigo? Quanto mais o tempo passa, mais prejuízo.
Uma das queixas dos produtores é de que o governo está aumentando a oferta de trigo no mercado com os leilões que está fazendo (hoje será o segundo da temporada). Nada disto. Ora, o governo está colocando no mercado trigo velho, das safras 2007/08 e 2008/09 do qual deve se desfazer antes que se torne inegociável. E olhe que os preços do último leilão foram ótimos: R$ 28,80 a R$ 30,00/saca de 60kg ou até um pouco mais, bem acima do que o mercado está pagando por trigo da safra atual, no momento. De modo que os leilões estão puxando os preços para cima e não para baixo. Até quando o governo deveria esperar pelos retardatários da venda de trigo?