Trigo: Qualidade e preço são desvantagens de cereal russo

Publicado em 19/05/2011 07:38
A maior abertura para a entrada de trigo russo no Brasil, acertada esta semana entre os governos brasileiro e russo, é considerada positiva pelos moinhos nacionais. Eles não acreditam, porém, que haverá, a princípio, grandes movimentos de importação por parte do Brasil.

O presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, afirma que o trigo russo tem qualidade inferior à do cereal importado da Argentina, dos Estados Unidos e do Canadá, fornecedores que têm ainda a vantagem de estar mais próximos do Brasil.

Além disso, explica o empresário, o trigo russo tende a chegar no Brasil a preços elevados. Ele calcula que uma tonelada de trigo russo chegaria hoje ao porto de Santos (SP) a US$ 453. O cálculo considera um preço para o trigo russo equivalente à cotação na bolsa de Kansas (EUA), referência mundial em preço do trigo do tipo comum.

O trigo argentino, por outro lado, chegaria ao porto paulista valendo bem menos, em torno de US$ 387. "O trigo russo paga imposto que o argentino não paga e, além disso, tem custo de frete bem superior", pondera.

Por esses motivos, Pih acredita que o Brasil deve continuar importando pouco trigo da Rússia. O cenário pode mudar se o governo russo decidir interferir no mercado para tornar o trigo viável ao mercado brasileiro. "De forma geral, para a indústria é importante ter uma outra alternativa de importação, já que o Brasil não é autossuficiente no cereal", diz.

Os produtores de trigo brasileiros não gostaram da possibilidade da entrada de mais trigo russo no Brasil. "Queremos impor limites à entrada de produtos, sobretudo farinha, do Mercosul e também de qualquer outro mercado que venha competir com o trigo nacional", afirma Rui Polidoro, presidente das Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro).

O cultivo do cereal no Brasil deve recuar novamente por causa da rentabilidade menor. Segundo a Safras & Mercado, o recuo será de 11% para 1,988 milhão de hectares. O Paraná deve recuar 30%, segundo a Safras. A área gaúcha deve avançar 10%, de acordo com a Fecoagro.

Tags:

Fonte: Valor Econômico

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ANA e INPE lançam publicação que atualiza dados sobre irrigação de arroz no Brasil
Abiarroz intensifica ações para abertura do mercado chinês ao arroz brasileiro
Federarroz monitora situação das chuvas em lavouras arrozeiras gaúchas
CNA debate área plantada de soja e milho no Brasil
Ibrafe: Preços já estão 40% abaixo do praticado no ano passado.