Arroz: Operações do governo sustentam recuperação de preços em junho

Publicado em 06/07/2011 08:09
O mês de junho encerrou com uma recuperação de 5,56% nos preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul, segundo o Indicador de Preços do Arroz em Casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias (BVMF), com a saca de 50 quilos (58x10) cotada a R$ 20,30, em média, no mercado gaúcho, o equivalente a 13 dólares norte-americanos no dia 30/6.

O mês de julho manteve a trajetória de recuperação nos preços, acumulando em três dias úteis 1,67% de elevação, para R$ 20,63 a saca, o equivalente a US$ 13,18 pela cotação do dólar nesta terça-feira (5/6). O valor, portanto, ainda é R$ 5,17 menor do que o preço mínimo de garantia estipulado pelo governo federal para esta safra no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Este cenário de recuperação para valores que já estiveram abaixo de R$ 18,00 é construído, basicamente, pelo aporte de recursos federais por meio dos mecanismos de comercialização. Além do PEP, AGFs e Contratos de Opções Públicas, o governo brasileiro deu início às trocas simultâneas de arroz em casca de safras antigas por produto beneficiado, para proceder as doações humanitárias, o que vai liberando espaço em armazéns credenciados para os produtores terem acesso aos mecanismos de suporte de preços. Também entraram em operação os leilões de Pepro e de Contratos de Opções Privadas, com operações iniciais programadas já para esta semana.

Há, portanto, um evidente aquecimento do mercado com a retirada de excedentes por conta de um grande esforço governamental. A sorte do setor arrozeiro, neste caso, é que sobram recursos no orçamento em razão dos bons preços de comercialização dos demais produtos do agronegócio no Brasil. Dos grãos importantes, só o arroz enfrenta dificuldades de comercialização, tema que inclusive levou a presidente do País a manifestar-se no último final de semana em seu programa de rádio, conforme pode ser observado em Planeta Arroz.

No mercado livre, no entanto, a comercialização segue emperrada, com um movimento bastante lento da indústria, com os estoques formados a base dos depósitos de produtores e compras realizadas na “baixa”. Apesar da referência de preços de até R$ 21,00 em algumas regiões para o produto já colocado na indústria e de boa qualidade, a média das comercializações efetivamente realizadas no Rio Grande do Sul não passa de R$ 19,50 ao produtor. E em Santa Catarina de R$ 19,00.

Isso porque o governo federal exige o pagamento de preços mínimos em suas operações (R$ 25,80 + custos de carregamento, etc...), mas que as vezes é “rachado” entre os agentes de mercado, indústria e produtor. E também porque, estima-se, apenas de 30 a 40% dos arrozeiros gaúchos terão acesso aos mecanismos, volume que cai para 10 a 15% em Santa Catarina. Ou seja, apesar do grande volume de recursos carreados pelo governo federal, um número mínimo de produtores terá acesso. De qualquer maneira, mesmo com a baixa capilaridade, os mecanismos ainda são os responsáveis por esta nova conjuntura do mercado de arroz no Brasil. A prorrogação dos vencimentos de custeio também foram importantes, pois retiraram a pressão de venda imediata do mercado.

Os analistas consultados por Planeta Arroz mantêm a expectativa de um referencial de preços na faixa dos R$ 21,50 em julho, por conta da paridade de importação do Mercosul. O argumento é que valores muito maiores abrem as “cancelas” para a importação em grossos volumes. Acima deste patamar de preços, as cotações passam a ser artificiais, baseadas em subsídio governamental indireto (mecanismos de comercialização que garantem valores superiores ao mercado real).

A grande incógnita é de qual será o comportamento do produtor, da cadeia produtiva e do governo federal para a próxima safra. O produtor, exceto aquele que tem acesso aos financiamentos diferenciados e aos mecanismos de comercialização com garantia de preço mínimo, é obrigado a reduzir seu custo de produção abaixo de 12 dólares por saca (o ideal seria abaixo de 10 dólares). Enquanto isso, o governo talvez tenha que se preparar para, diante de uma oferta mais significativa no ano que vem e, com estoques altos de passagem, voltar a subsidiar artificialmente os preços pouco competitivos do Brasil frente ao Mercosul e ao comércio internacional.

Desta forma, os próximos meses serão preocupantes e o apoio à exportação – para enxugar estoques -, as doações internacionais, alternativas de consumo – como 1,5 milhão de toneladas destinadas à ração de aves e suínos ou produção de etanol – serão determinantes. Outro fator que pode interferir neste cenário é a política cambial, com um pouco provável enfraquecimento do dólar.

Em Santa Catarina, a relação ajustada entre oferta e demanda mantém a estabilidade de preços. A recuperação do Rio Grande do Sul não vem sendo acompanhada na mesma velocidade pelo estado vizinho, que opera com defasagem de R$ 1,00, em média, por saca, em relação ao produto gaúcho. No Mato Grosso, o equilíbrio entre oferta e demanda nesta safra também mantém referencial entre R$ 23,00 e R$ 24,00 nas praças de maior produção.

MERCADO

Segundo a Corretora Mercado, de Porto Alegre, os preços médios do arroz e seus derivados apresentaram alta na última semana, com destaque para os chamados “subprodutos”. A saca de arroz de 50 quilos, em casca, valorizou R$ 0,50 e alcançou a média de R$ 20,00, enquanto o saco de 60 quilos de arroz beneficiado - sem ICMS – passou de R$ 40,50 para R$ 43,00. Entre os derivados, alta ainda mais significativa. A tonelada (FOB) do farelo de arroz saltou para R$ 250,00, ante os R$ 230,00 da semana anterior e o canjicão valorizou R$ 1,00 para R$ 31,00 para a saca de 60 quilos (FOB/RS). A quirera, também em 60 quilos, pulou de R$ 25,00 para R$ 27,00. As exportações de quebrados e o alto preço do milho para ração de aves e suínos têm peso decisivo nesta evolução dos preços.

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Fonte:
Planeta Arroz

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