Entenda por quê o plantio médio de trigo caiu 28% na Argentina

Publicado em 27/07/2011 08:06
Artigo assinado por David Hughes, presidente da Argentrigo, informa que a média da superfície semeada entre as safras 2006/07 e 2010/11 (4,87 milhões de hectares) foi 27% menor do que a do qüinqüênio 2001/02 e 2001/2006 (6,19 MH) e 28% menor se comparada à safra 1996/97 (6,25 MH). A razão, segundo o articulista, é a intervenção do governo no mercado de exportação de trigo, impondo restrições quantitativas, cotas, através dos famosos ROE (Registro de Operações de Exportação), que são uma licença prévia que só o governo pode fornecer. Atuam como licenças não automáticas, que significa que o mercado não pode ter um fluxo normal, não podendo aproveitar os preços do mercado internacional, nem estabelecer relação com o mercado interno, dado que os exportadores compram no mercado local sem ter a certeza de poder fazer a operação de exportação, o que gera incerteza e custos mais elevados. Por outro lado, a demanda interna dos moinhos, da ordem de 6 a 6,5 milhões de toneladas de trigo em grão, se distribui bastante homogeneamente ao longo do ano, comprando cerca de 500 mil toneladas por mês. As indústrias moageiras não podem absorver o volume de trigo que os exportadores não compram com o fechamento do mercado de exportação. Por sua vez, a demora no pagamento das compensações prometidas pelo governo à indústria moageira pela diferença do preço do trigo entre o mercado internacional e o mercado interno, menos os impostos (retenciones) de 23% para fixar o preço da farinha, faz com que atualmente NÃO haja compradores. O governo justifica a intervenção nos mercados buscando reduzir o preço dos alimentos. Contudo, numerosos estudos demonstraram e é aceito pelas padarias, que a incidência do preço do trigo (farinha) no preço final do pão está situado entre 7% e 12%. Não é o custo mais relevante, como o são mão de obra, encargos sociais, alugueres e energia, entre outros. Neste momento, há cerca de 4 milhões de toneladas de trigo da safra passada em mãos dos produtores que não encontram compradores. A inexistência de mercado gera o desinteresse dos produtores em semear novamente trigo, afetando desta maneira as empresas provedoras de insumos (sementes, insumos e fertilizantes) e a cadeia comercial (transportadoras, armazenadores, acondicionadores e corretagem), além das indústrias moageira e processadoras e dos exportadores.

É muito importante destacar que o Brasil é o segundo maior importador do Mundo e que seu fornecedor habitual é a Argentina. Se a Argentina deixar de ser um provedor confiável o Brasil buscará novas alternativas “e nós perderemos um mercado de exportação de mais de 5 milhões de toneladas/ano, que por taxas preferenciais do Mercosul, paga melhor que outros mercados importadores”, disse o Presidente da Argentrigo.

O trigo é o cultivo nacional por excelência, semeado desde os vales andinos e patagônicos até a beira do Oceano Atlântico, gerando ocupação e emprego na época do inverno, sendo um excelente antecessor dos cultivos de verão e é necessário para manter a sustentabilidade dos sistemas agrícolas. O governo está por lançar um Plano Estratégico Agropecuário e Agroindustrial (PEA), mas ele está sendo concebido sem a participação dos setores envolvidos, o que não é animador.

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Fonte: Trigo & Farinhas

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