Arroz: Tendência de alta se confirma em julho e é mantida para agosto no RS

Publicado em 03/08/2011 14:36
O fôlego e a velocidade da alta é que não deve ser o mesmo, apesar dos leilões assegurados pelo governo federal.
Apesar de vir perdendo o fôlego na última semana, os preços médios do arroz em casca no Rio Grande do Sul subiram 12,76% em julho. Apesar desta alta, acumulada com os índices positivos de junho, o processo ainda é de recuperação, diante da queda das cotações iniciada em 2010. Na última sexta-feira, segundo o Indicador do Arroz Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa , a saca de 50kg (58x10), colocada na indústria, encerrou o mês de julho cotada a R$ 22,89, no nível de janeiro de 2011.

O Cepea/Esalq indica que enquanto o Indicador caiu 14% no acumulado do primeiro semestre (30 de dezembro/2010 a 30 de junho/2011), apenas em julho/11, o Indicador subiu quase 13%. A retração da oferta, determinada pela intervenção compradora do governo federal no mercado de arroz nos estados do Sul, determina esse cenário, bem como os mecanismos de apoio às exportações. A prorrogação dos vencimentos de custeio e investimentos também corrobora a retração da oferta. Os produtores, estrategicamente, aguardam preços ainda melhores, que devem se confirmar em agosto. Algo mais perto do preço mínimo de garantia do governo federal, estipulado em R$ 25,80 para Rio Grande do Sul e Santa Catarina, por saca de 50 quilos de arroz do padrão citado.

A conjuntura, porém, começa a dar sinais de enfraquecimento da alta, apesar de novos leilões de PEP, Pepro e contratos públicos de opção, previstos para esta e a próxima semana. Em primeiro lugar, a indústria está com severas dificuldades de repassar os preços do casca para o beneficiado à rede varejista. Ao ponto de lideranças supermercadistas alertarem para um “grande avanço de preços ao consumidor” para o arroz brasileiro, imediatamente contestada pela cadeia produtiva do arroz. Afinal, os preços nos supermercados recuaram muito menos – em algumas marcas insignificativamente – para o consumidor, do que ao produtor.

Por outro lado, à medida que sobem as cotações internas, o mercado brasileiro torna-se extremamente atrativo para as importações do Mercosul. Em recente entrevista à Planeta Arroz, o presidente da Abiarroz, André Barretto, afirmou que é uma questão de sobrevivência e, se a matéria-prima for ofertada a preços menores na fronteira argentina e uruguaia, dentro dos princípios de livre comércio do Mercosul, não há porque a indústria absorver o custo superior de uma operação de compra interna. Diversos agentes de mercado reportam oferta de arroz argentino com preço de paridade abaixo de R$ 22,00 na fronteira gaúcha.

Esse movimento pode abrir um gargalo de entrada de arroz no mercado brasileiro que não era tão esperado, o que obriga a cadeia produtiva e o governo a ampliarem os esforços de exportação e, ao mesmo tempo, encontrarem formas de controlar as ações de importação.
Neste contexto, a Federarroz encaminhou denúncia ao Ministério Público pelo descumprimento, pelo governo gaúcho, da lei que obriga a pesagem e análise laboratorial fitossanitária do arroz importado do Mercosul. O argumento, além do dano econômico, é o dano à saúde pública, já que Argentina, Uruguai e Paraguai utilizam agrotóxicos proibidos no Brasil para esta cultura, e há indícios da ocorrência de resíduos. Ao mesmo tempo, a entidade obteve uma grande vitória na Justiça Federal, que determinou ao governo federal a realização do mesmo tipo de exames fitossanitários para o arroz importado em todo o território nacional. Medida para a qual ainda cabe recurso do governo federal, mas dá mais força à reivindicação.
A expectativa do setor é para novo levantamento da safra de grãos que a Conab divulgará nos próximos dias e alguma alteração no quadro de oferta e demanda. Enquanto isso, o setor já se movimenta para pedir um reajuste no prêmio do PEP, que compense a elevação dos preços (em dólar) do arroz para exportação.

AGOSTO

Nos dois primeiros dias de agosto, o Indicador do Arroz Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&F/Bovespa já indica uma alta de 1,22% nos preços do arroz, cotado nesta terça-feira a R$ 23,17, o equivalente a US$ 14,78 dólares por saca, pelo câmbio do dia. O preço, para os padrões internacionais, é amplamente atraente, mas ainda fica R$ 2,63 abaixo do preço mínimo, meta dos produtores. Na semana, até esta quarta-feira (3/8), a média de comercialização no RS é de R$ 23,00 para o produto colocado na indústria, segundo o indicador. Na semana passada foi de R$ 22,65.

No mercado livre gaúcho os preços ao produtor variam de R$ 21,50 a R$ 22,50, dependendo da região e do padrão do produto e da demanda das empresas. Baixo volume de negociação é registrado, apesar de uma ligeira pressão verificada nos últimos dias em razão da busca de insumos para a formação da próxima lavoura.

Em Santa Catarina, nas diversas regiões, os preços médios variam de R$ 20,00 a R$ 21,00,com maior resistência à alta, pois boa parte dos produtores já negociou na baixa o produto, pela estrutura fundiária de pequenas propriedades e necessidade de caixa imediatamente após a safra. Os analistas, de maneira geral, trabalham com a expectativa de um agosto de recuperação gradual e artifical nos preços gaúchos e catarinenses, em razão dos mecanismos de governo. O Mato Grosso, com estabilidade entre oferta e demanda, mantém cotações médias de R$ 24,00 a R$ 26,00 pela saca de 60 quilos de arroz, tendo como referência a variedade Cambará, com mais de 55% de inteiros.

As intensas chuvas dos últimos dias no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, têm recuperado bem os mananciais. Na Depressão Central gaúcha, os mananciais já mostram recuperação para a próxima safra, mas a Campanha ainda mantém um quadro de baixa recomposição hídrica.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios do arroz e seus derivados em alta na última semana. A saca de arroz de 50 quilos, em casca, valorizou R$ 1,00 e alcançou a média de R$ 23,00, enquanto o saco de 60 quilos de arroz beneficiado - sem ICMS – evoluiu R$ 3,00 em 12 dias, para R$ 46,00. Entre os derivados, a expectativa de um leilão de arroz de baixa qualidade para ração animal manteve estável o preço da tonelada de farelo, em R$ 270,00. O canjicão valorizou 50 centavos para R$ 32,00 por saca de 60 quilos (FOB/RS). A quirera, também em 60 quilos, manteve os R$ 29,00 da semana anterior.

Tags:

Fonte: Planeta Arroz

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ANA e INPE lançam publicação que atualiza dados sobre irrigação de arroz no Brasil
Abiarroz intensifica ações para abertura do mercado chinês ao arroz brasileiro
Federarroz monitora situação das chuvas em lavouras arrozeiras gaúchas
CNA debate área plantada de soja e milho no Brasil
Ibrafe: Preços já estão 40% abaixo do praticado no ano passado.