Produtores gaúchos reduzem plantio de feijão

Publicado em 29/08/2011 07:57
A área plantada de feijão no Estado sofre uma forte redução neste segundo semestre. Os baixos preços pagos em comparação com os custos de produção e a competição com o produto importado estão incentivando os agricultores a migrar para culturas que apresentam maior valorização, como soja e milho. De acordo com Tarcísio Ceretta, presidente da Associação dos Produtores de Feijão do Rio Grande do Sul (Aprofeijão), apenas para a região Centro-Serra (centralizada no município de Sobradinho), tradicionalmente a maior produtora do grão no Estado, a expectativa é de que a área de plantio seja reduzida em até 30% neste período de semeadura (agosto a outubro). “As vendas de sementes estão 50% menores agora do que na mesma época do ano passado”, afirma o dirigente.

O motivo para a diminuição do interesse na cultura são os preços oferecidos ao produtor. Atualmente, a média da saca de 60 quilos de feijão-preto (tipo mais produzido e consumido no Estado) gira em torno de R$ 65,00, enquanto os custos de produção chegam a até R$ 82,00. “Para muitos produtores, plantar feijão se tornou inviável nessas condições”, afirma Ceretta. No Estado, cerca de 50 mil famílias plantam o produto, que no ano passado ocupou uma área de 92 mil hectares.

Uma das causas para a desvalorização é a grande importação de feijão-preto proveniente da Argentina e da China, incentivada pela desvalorização cambial do dólar. Entre janeiro e julho de 2011, entraram no País 93.921 toneladas do produto, 120% a mais do que o volume registrado no mesmo período do ano passado. Essa quantia importada representa 75% da safra gaúcha 2010/2011, que chegou a 123,9 mil toneladas. Com isso há uma pressão contrária à elevação dos preços do feijão-preto, que ficam estáveis e estagnados, enquanto o feijão-carioca, que é produzido fora do Sul do Brasil e não sofre tanto com a competição externa, é mais volátil e mais caro, variando entre R$ 100,00 e R$ 130,00. “Dentro dessas condições, os produtores que tiverem condições devem fazer uma migração para outras culturas de verão que estão apresentando melhor rentabilidade, como soja e milho”, aconselha Renan Magro Gomes, analista da consultoria Safras e Mercado.

O presidente da Aprofeijão lembra que algumas medidas já foram tomadas pelo governo estadual para contribuir com soluções para os problemas do setor, como a criação da Câmara Setorial do Feijão e o lançamento do programa Feijão com Arroz, que tem por objetivo ampliar o consumo dos dois produtos. “O Estado já se colocou à disposição para negociar questões de impostos e tecnologia que podem ajudar os produtores, mas precisamos de garantias do governo federal, como preços mínimos”, destaca.

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Fonte:
Jornal do Comércio

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