Passo Fundo: Agora o trigo só depende do clima

Publicado em 19/09/2011 13:44
Apesar de área cultivada ser 10% superior à safra passada, tendência da produtividade na região de Passo Fundo é inferior
Os triticultores da região destinaram 10% a mais de área cultivada com o cereal nesta safra, chegando a 187 mil hectares, com relação a 2010. Porém, o clima favorável: tempo seco e temperaturas baixas beneficiaram a qualidade e produtividade, proporcionando uma média de 2.700 quilos por hectare (45 sacas). Neste ano, mesmo com área superior, o clima com temperaturas mais baixas e excesso de chuva, mesmo não danificando as plantas, provocou atraso no plantio e no desenvolvimento. Por isso, a Emater projeta uma produtividade de 2.400 quilos por hectare (40 sc/ha). A partir de agora, a planta está na fase de emborrachamento e formação de espigas, e pouca chuva e o ideal para o sucesso da lavoura.

De acordo com o agrônomo da Emater, Cláudio Dóro, apesar do preço do trigo não reagir há um ano, o bom resultado da última safra influenciou na formação da atual. “Os produtores investiram em tecnologia, manejo, aplicação de fungicidas para controlar oídeo, ferrugem e mancha folhar devido ao excesso de umidade. Tudo isso feito por causa do bom desempenho do ano passado, pois eles sempre se baseiam na última safra no momento de planejar a seguinte. Porém, as condições climáticas do ano passado foram mais benéficas do que as atuais”, comenta.

Entretanto, ainda há expectativa de que no momento da colheita, que ocorre a partir de outubro, possa haver resultado diferente, com produtividade igual ou mesmo superior que a do ano passado. Assim, os produtores poderão ter margem de lucro, pois conforme o agrônomo, contabilizando o custo total de formação da lavoura com os preços praticados no momento no mercado, só é possível obter margem de lucro obtendo acima de 45 sacas por hectare.
Apesar da cotação em baixa, com a saca de 60 quilos em R$ 25,00 no balcão, e sem perspectivas de mudança, Dóro diz que há poucas opções de plantio durante o inverno e o trigo é uma boa opção cultural, pois tem benefícios indiretos, especialmente com relação aos resíduos deixados no solo, que beneficiam as culturas de verão implantadas posteriormente, além de evitar a erosão e diluir os custos na propriedade.

Com relação ao atraso no desenvolvimento da planta em comparação com o ano passado, outra conseqüência do clima, que devido a menor insolação provocou um desenvolvimento mais lento, o maquinário dos produtores da região devem fazer a colheita rapidamente, não interferindo significativamente num possível atraso da semeadura da safra de verão. Os próximos 30 dias são fundamentais para a qualidade do cereal, sendo necessário temperaturas baixas a noite e pouca chuva e a recomendação é de monitoramento constante. “Pelo menos duas vezes por semana o agricultor deve percorrer toda lavoura, olhando as plantas e, na duvida quanto possível surgimento de doenças, deve consultar assistência técnica”, acrescenta.

Mercado segue em ritmo lento e sinaliza possível redução de área em 2012

Nenhuma alteração significativa foi registrada na ultima semana, no cenário do mercado doméstico de trigo. Conforme o analista de mercado da Safras & Mercado, Michael Prudencio Favero, o reduzido volume de negócios foi potencializado pelos feriados da segunda (05), nos Estados Unidos, e quarta-feira (07), no Brasil. Entretanto, de maneira geral, os principais motivos para essa lentidão, segundo Favero, são os mesmos das semanas anteriores. ”Temos baixa demanda no mercado de derivados de trigo e moinhos relativamente bem abastecidos, que procuram trigo apenas para atender alguma necessidade especial ou para repor estoques. Na ponta vendedora, temos uma crescente pressão de oferta, causada pela entrada cada vez mais forte da safra do Paraná e Paraguai e pelas recorrentes ofertas do governo, através dos leilões da Companhia Nacional de Abastecimento”, explica.

Os leilões de oferta, que estavam marcados para ocorrer na última sexta-feira (09), foram transferidos pela Conab para o dia 14. No total serão ofertadas 251.360,206 toneladas entre os estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Para os agentes que aguardavam os leilões da Conab, não houve maiores surpresas. O governo repetiu a pedida no trigo Pão Tipo 1 nas principais regiões produtoras, mantendo R$ 480,00/t no Paraná e mesclando lotes a R$ 432,00/t e R$ 456,00/t no Rio Grande do Sul. No Mato Grosso do Sul, o valor inicial para o trigo Pão tipo1 foi R$ 464,00/t e 498,00/t, dependendo do lote em São Paulo o preço é de R$ 468,00.

Diante do cenário do mercado nacional de trigo, o analista aponta que preocupa produtores que, em alguns casos, estão revendo suas estratégias para o plantio da próxima safra, sinalizando possíveis reduções na superfície plantada com trigo no Brasil na temporada comercial 2012/13.

“Em relação à formação de preços, um fator que chama atenção é a redução na quantidade e qualidade da safra paranaense, devido basicamente a problemas climáticos e redução na área plantada. Todavia, esse fato não deve exercer maior pressão sobre as cotações a serem praticadas no mercado doméstico nos próximos meses, uma vez que a dinâmica de formação de preços para o trigo no Brasil ocorre de fora para dentro, pela paridade de importações. Os produtores nacionais são tomadores de preço e devem se adequar as movimentações que ocorrem no mercado internacional, pois, por exemplo, se elevarem demais o valor cobrado pelo seu produto os compradores irão buscar trigo de outros países, principalmente da Argentina”, acrescenta.

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Diário da Manhã

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