E agora, o que fazer com os preços do trigo?

Publicado em 23/09/2011 09:09
Com o trigo disponível em uma ampla variedade de origens, com Austrália, Índia, Rússia e Ucrânia competindo para se desfazer dos estoques excedentes, forçando as cotações na Bolsa de Chicago (CBOT) a cair para o menor nível em 10 semanas, com os preços físicos recuando abaixo de US$ 300/tonelada é pouco provável que os preços subam a curto ou médio prazos. Assim, os preços internos no Brasil não deverão ter amparo nos preços externos, apesar de que neste ano não houve praticamente nenhuma correspondência entre ambos, porque os fatores que afetam a oferta e demanda no Brasil são diferentes dos que afetam o quadro mundial. Mas, há outros fatores:
a) o aumento da oferta de trigo gaúcho deverá manter os preços naquele estado em baixa durante praticamente todo o período, a menos que haja um grande fluxo para as exportações como aconteceu na temporada anterior, mas até isto deverá encontrar a resistência dos importadores, que deverão ser assediados pelos países citados acima; b) com a maioria dos moinhos e grupos industriais de massas e biscoitos localizados nos portos, facili-tando as importações, a comodidade os fará continuar jogando os trigos do mercado interno como al-ternativa de ajuste nos preços, para diminuir o seu custo médio de produção, como vem acontecendo há anos; c) a queda do consumo de massas e biscoitos no Brasil em 2011, porém, em que pese que as estatísti-cas ainda não estejam disponíveis para o público, é o principal fator de queda nos preços de toda a ca-deia neste ano. Com a retração do consumidor final, os supermercados e pontos de venda reduziram as suas encomendas, que se refletiu para trás em todos os segmentos até chegar ao produtor de trigo em grão, que viu os preços permanecerem praticamente inalterados o ano todo. E não se fez até o mo-mento nada de significativo para modificar esta situação, nem o lançamento de produtos novos, nem campanhas de marketing, nem nada que pudesse excitar novamente a demanda dos consumidores. Qual, então, o sentido de dizermos que o trigo poderia ser um bom negócio? Ora, trigo é uma commodity, negociada em Bolsa e isto significa que ela cota todos os dias preços para um ou dois anos para frente. Chicago, por exemplo, tem cotação neste momento até Julho de 2014, de preços reais e efetivos, pelos quais se pode negociar grão de qualquer parte do mundo. E os preços para setembro e dezembro deste ano estiveram muito bons durante os meses de março a junho passa-do. Foram relatados todos os dias em nossos boletins e comentados com ênfase pela Consultoria Trigo & Farinhas e em nossas entrevistas ao Canal Rural de São Paulo. As cooperativas e os grandes moinhos sabem perfeitamente operar na Bolsa de Chicago e poderiam ter garantido preços razoáveis para os produtores brasileiros, se fosse do seu interesse. Mas, é mais cômodo, como vem ocorrendo há 60 a-nos, recorrer o governo e buscar socorro no caixa do Tesouro Nacional, que já destinou R$ 150 milhões para ajudar a escoar o trigo nacional desta safra. E assim caminha a humanidade, digo, a comercialização do trigo no Brasil.

TRIGO NACIONAL PARA EXPORTAÇÃO

Dólar sobe mais 2,26%, elevando ainda mais a receita da exportação de trigo Pelo segundo dia consecutivo o dólar, importante fator na composição dos preços de exportação, teve nova alta de 2,26% (vide abaixo) nesta quinta-feira, embora a cotação do trigo brasileiro para exporta- ção tenha caído 5,26% no dia anterior, tanto na oferta, fixando-se em US$ 270/ton, para venda (contra US$ 285 até o dia anterior), como para compra, com comprador (que estava ausente) surgindo a US$ 260/ton. Estes são os mesmos preços que os pedidos/oferecidos pelo trigo argentino. Se formos apli-car a taxa cambial de hoje, de R$ 1,90, ao preço de venda, a receita poderá ser de R$ 513,00 (501,66) nos portos, R$ 461,70 (451,49)/tonelada no interior ou R$ 27,70 (27,08)/saca de 60 kg no interior. Este preço seria mais de 10,56% melhor que o melhor preço pago no Rio Grande do Sul atualmente e mais de 6,19% melhor que o preço médio do Paraná, por exemplo. Além disso, a exportação teria as vanta-gens de enxugar o mercado e ser uma alternativa à concorrência dos preços dos moinhos. Ainda não vendeu para exportação? Não aproveitou o câmbio? Tá esperando cair? E se subir mais e não cair, qual é o problema? Feche um pouco, analise as possibilidades futuras. Se subir mais feche mais um pouco. Não pode jogar todos os ovos numa cesta só. Nem você tem a obrigação de fechar tudo no pico do ano do mercado. Sua única obrigação é ser lucrativo. O resto, é pura especulação. O importante é fechar acima da lucratividade. Deu lucro, feche sempre alguma coisa.

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Boletim Trigo & Farinhas

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