Banana: Exportações do Equador podem trazer doenças e prejuízos para produção brasileira

Publicado em 02/08/2013 16:00 e atualizado em 02/08/2013 17:50

O mercado brasileiro de banana poderá enfrentar concorrência com a fruta do Equador caso seja efetivada a permissão para as importações. A proposta de liberação será analisada no dia 20 de agosto, quando acontece a próxima reunião mensal da Camex (Câmara do Comércio Exterior). 

Essa indefinição tem deixado o setor muito apreensivo, uma vez que, segundo Sileno Fogaça, representante jurídico da Abavar (Associação dos Bananicultores do Vale do Ribeira), caso a banana equatoriana entre no Brasil, o mercado da variedade nanica, por exemplo, seria "dizimado em seis meses apenas". 

Diante disso, produtores das principais regiões que sobrevivem da bananicultura estão preparando um documento jurídico para apresentar ao Ministério Público Federal colocando o posicionamento do setor e os prejuízos que essas importações poderiam causar. Assim, será avaliada também a possibilidade do setor de entrar com uma ação judicial contra o Ministério da Agricultura e o Governo Federal. 

"São 500 mil famílias que sobrevivem da bananicultura no Brasil diretamente, e esse número pode chegar a 2 milhões indiretamente. Há comunidades, como o Vale do Ribeira, que sobrevivem a um século dessa cultura", afirma Fogaça. 

Para o representante da Abavar, essa abertura do mercado brasileiro para a banana equatoriana nada mais é do que uma "moeda de troca" para que o país passe a integrar o Mercosul e as exportações do Brasil para o Equador. "E tudo isso às custas do bananicultor brasileiro", completa . 

A qualidade e a sanidade da fruta que virá do exterior também está em questão. Segundo um levantamento técnico apresentado ao Ministério da Agricultura, a banana do Equador é portadora de diversas doenças, as quais poderiam prejudicar a produção brasileira. A pior delas é o Moko da Bananeira, que causa, entre outros sintomas, a má formação foliar, necrose e murcha da folha cartucho, seguido de amarelecimento das folhas baixeiras. 

Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial da fruta, com uma safra de 7,5 milhões de toneladas em cerca de 500 mil hectares. São Paulo, Bahia, Santa Catarina, Minas Gerais, Pará, Ceará e Pernambuco são responsáveis por 74% da produção

Segundo um estudo feito pela Fundação Getúlio vargas, a bananicultura é uma das mais rentáveis culturas do agronegócio brasileiro, com uma das melhores gerações e distribuições de renda. 

Hoje, o quilo da banana nanica, a mais consumida no país, é comercializado a R$ 0,25, preço pago ao produtor, e R$ 1,10 no atacado. "Essa ainda é a fruta que a grande maioria do povo brasileiro que mais precisa consome", diz Sileno Fogaça. "A banana que nós produzimos aqui no Brasil é suficiente para abastecer o mercado interno, como vem sendo feito há um século. Nós temos excedente até para exportação", completa. 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Preços do cacau se recuperam após queda de 20% em meio a baixa liquidez recorde
CATI lança Programa Cacau SP, fruto promete ser nova alavanca para o agronegócio paulista
Preços do cacau caem 20% em dois dias em meio à baixa liquidez
Mamão/Cepea: Preços do Havaí caem em abril
Mandioca/Cepea: Preços têm comportamentos distintos entre regiões