Sem mandioca no mercado, cotação do produto dispara

Sem muitas alternativas para fazer com que produtores intensifiquem a colheita de mandioca, as fecularias reajustaram os preços da raiz mais de uma vez na semana passada. De acordo com análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) a situação é incomum neste mercado, especialmente em período de safra. Hoje, a tonelada está cotada a R$ 290.

Ivo Pierin Jr., vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), conta que, apesar de aumento da área plantada, a produtividade vem caindo cerca de 30% desde o segundo semestre ano passado em função do excesso de chuvas. “As fortes precipitações no noroeste do Paraná, oeste de SP e sul do MS prejudicaram o plantio e causaram o apodrecimento das raízes. Por isso, a oferta do produto despencou”, explica Ivo.

Segundo o Cepea, parte expressiva da mandioca disponível para colheita se concentra nas mãos de poucos agricultores, que estão optando por manter o produto no solo na expectativa de que os preços continuem em alta. “Além disso, as indústrias de amido e fécula estão com os estoques baixos, mas mantém a demanda pelo produto aquecida”, aponta o dirigente da Abam.

“Apesar da falta do produto, o abastecimento das indústrias não está comprometido”, ressalta Ivo. O Brasil produz 600 mil toneladas de fécula de mandioca por ano, e o Paraná é o maior produtor nacional. A substância tem mais de 500 aplicações: é usado na fabricação de cosméticos, medicamentos, colas, explosivos e lubrificantes da indústria petrolífera.

O vice-presidente da Abam crê que os preços ao produtor devem seguir em alta durante o ano. “As cotações atuais cobrem os custos de produção e proporcionam uma ótima margem. Vale a pena o produtor estabelecer acordos com as empresas para garantir o escoamento da produção nos próximos meses”, sugere Ivo Pierin Jr.. Em média, um agricultor chega a colher 20 toneladas de mandioca por hectare ao ano.