Queda de ponte represa produção em Dr. Ulysses

Publicado em 24/08/2011 08:19
Três semanas depois de as chuvas terem deixado o município de Doutor Ulysses praticamente isolado, a região do Vale do Ribeira, que é uma das mais pobres do Paraná, ainda não enxerga uma solução economicamente viável para transportar a produção agrícola. Com o segundo pior índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado, o município tem sua economia sustentada no agronegócio (70%) e, neste ano, deve perder aproximadamente R$ 7 mi­­lhões somente com a produção de tangerina, que é principal fonte de renda das famílias rurais.

O prejuízo com a fruta representa 10% do Produto Interno Bruto (PIB) de Doutro Ulysses e tende a piorar se o acesso para Cerro Azul, município vizinho, não for retomado rapidamente. Daqui a menos de 30 dias, os produtores da região começarão a colheita de verduras, que é responsável pela segunda maior arrecadação da agricultura local.

“Já perdemos 30% da produção de tangerina porque não temos como escoar. A situação só deve ser aliviada se a nova balsa que estão prometendo construir suportar o transporte de cargas”, destaca o secretário de Agricultura de Doutor Ulysses, Jessé de Paula.

No início deste mês, a força das chuvas destruiu a principal ponte que ligava o município a Cerro Azul. De acordo com Jessé, toda a produção de frutas, verduras e grãos de Doutor Ulysses passava pela ponte.

Hoje, a travessia do Rio Ribeira é realizada por uma balsa improvisada e com capacidade limitada a dois carros e três motocicletas. A ‘barcaça’ não aguenta transportar veículos pesados. Na tentativa de agilizar o escoamento da produção rural, uma outra ponte foi improvisada entre o município de São Sebastião e Rio Branco do Sul. O desvio, porém, aumenta o trajeto em cerca de 100 quilômetros, segundo o setor produtivo, e encarece significativamente o custo com frete.

“Nós, pequenos produtores, somos os que mais perdemos. Eu ainda tive sorte porque, quando a ponte caiu, já tinha vendido quase toda a produção de ponkan. Ainda assim perdi mil caixas (22 toneladas)”, contou Ilsso Ribeiro, um dos 300 agricultores familiares de Doutor Ulysses. Ele calcula que o prejuízo até agora seja de R$ 5 mil.

A proibição do transporte de cargas pela balsa improvisada atrasou a vida do agricultor Acir dos Santos Lins. Ele produz ervas medicinais e tem adotado uma estratégia emergencial para conseguir cumprir a entrega dos produtos. Lins transporta a produção de chás de Doutor Ulysses para Cerro Azul dentro de carros pequenos. “Demoro um dia inteiro para carregar o caminhão com 1,2 mil quilos, mas pelo menos não perco negócio”, diz.

Com 17% da produção estadual, Doutor Ulysses colheu 31 mil toneladas de tangerinas em 2010, estima a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

Localizado a menos de 130 quilômetros de capital do estado, o município teve seu IDH calculado em 0,627 no ano 2000, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O município tem renda per capita calculada em R$ 86, enquanto Curitiba acumula um dos mais altos valores: R$ 620 e 0,856 de IDH.

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Fonte:
Gazeta do Povo

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