Aceitação de novos pêssegos da Embrapa surpreende atacadistas

Publicado em 18/11/2011 11:28
Mais sabor no setor de frutaria dos supermercados brasileiros com a chegada das novas cultivares de pêssego desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministerio da Agricultura, Pecuaria e Abastecimento, e apreciados pelo consumidor. Além de frutos grandes e de coloração vermelho intenso, que marcam a aparência das cultivares, o sabor doce com leve acidez é apontado pelos atacadistas da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) como o responsável pela aceitação instantânea das variedades BRS Rubimel, de polpa amarela, e BRS Kampai, de polpa branca.

“É provar e levar”, assegura Ricardo Delvecchio que distribui a fruta para uma rede de supermercados de São Paulo e Minas Gerais. “Um cliente levou 20 caixas de Rubimel e no dia seguinte ligou para reservar mais 20, dizendo que a saída foi grande no supermercado”. O atacadista segue enumerando as vantagens: “a resistência é impressionante, ele fica macio, mas não dá quebra, a gente não vê uma fruta estragada. Não tem devolução, não tem reclamação. É resultado certeiro”, argumenta.

O tempo de prateleira da cultivar Rubimel também foi destacado pelo produtor e atacadista Wellington Galo. “Ela dura de dez a 12 dias, enquanto o tempo da principal concorrente é de no máximo cinco dias”, ressalta Galo, que envia cargas da fruta para Belém/PA – o que significa viagem de três dias de caminhão. Observação semelhante à de sua cliente Hortifruti, rede composta por 23 lojas distribuídas no Rio de Janeiro e Espírito Santo, e de quem recebeu retorno positivo. “Nosso principal termômetro é o consumidor final, e a receptividade tem sido excelente”, diz Renan Goltara, representante da rede.

No campo – Lançada junto ao produtor em 2007 pela Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS), a cultivar Rubimel demonstra diferencial já no campo. De acordo com Wellington Galo, no primeiro ano foi possível colher 12 quilos por planta, em média, contra cinco da concorrente. “Hoje estamos colhendo cerca de 40 quilos por planta e os frutos têm cerca de120 gramas, o dobro do peso da outra variedade”, diz. Na ponta do lápis os ganhos impressionam. Pelas contas de Galo, por quilo, o vendedor pode lucrar R$ 5,71 com a Rubimel contra R$1,16 da concorrente.

De olho nessas contas, o produtor e viveirista licenciado da Embrapa em São Paulo, Iassuo Kagi já se prepara para atender ao aumento da demanda. “Este ano produzimos 4 mil mudas de Rubimel e para o próximo serão 12 mil”, informa Kagi. Para a Kampai, que chegou ao produtor em 2009, a produção será de 5 mil mudas, mas é a principal aposta de Kagi: “é o pêssego mais saboroso que já entrou na Ceagesp”, garante.

Parceria – Assim como Galo, Kagi é um dos produtores que integram a rede nacional de adaptação e validação para fruteiras existente na Embrapa, surgida com a colaboração da Embrapa Transferência de Tecnologia (Brasília/DF), por meio do Escritório de Negócios de Campinas. A possibilidade de expandir o mercado produtor do pêssego no Brasil fez fortalecer a rede, que atua especialmente na fase de pós-melhoramento avaliando novas seleções.

Segundo explica o pesquisador Ciro Scaranari, da equipe daquele Escritório, e gestor de fruticultura da Unidade, “nesta etapa, as avaliações são realizadas em auxílio ao programa de melhoramento, mas distante da zona de ação do centro de pesquisa e em convergência com produtores”.

“A parceria com produtores de São Paulo, Espírito Santo, e Minas Gerais, além dos Estados do Sul, tem colaborado muito na tomada de decisão sobre o que lançar ou não lançar”, argumenta a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Maria do Carmo Bassols Raseira, da equipe de melhoramento genético que desenvolveu as cultivares de pêssego Rubimel e Kampai.

As novas cultivares surgiram do desafio de aliar sabor, tamanho e coloração desejados pelo consumidor brasileiro – conforme apontou também pesquisa da Ceagesp – a características de cultivo necessárias à sua expansão nas potenciais regiões produtoras do País.

O objetivo vem sendo alcançado graças ao cruzamento de variedade da Embrapa denominada Chimarrita, muito plantada no Sul do Brasil, com variedade Flordaprince, proveniente da Flórida/EUA e bem adaptada a condições de inverno ameno, embora produtora de frutos não suficientemente doces para os padrões nacionais.

“Obtivemos várias boas seleções de polpa branca e amarela, que se sucedem na colheita, duas cultivares (BRS Kampai e BRS Rubimel) já estão disponíveis no mercado”, explica Raseira. Segundo informa, em 2012 será lançada mais uma variedade, proveniente de um cruzamento diferente, mas igualmente adaptada às condições do Sudeste.

Bolachinha - Além da cultivar de polpa branca a ser lançada no próximo ano, a pesquisa apresentará, em breve, a oportunidade de os produtores brasileiros atenderem melhor um novo nicho de mercado. O pêssego chato, chamado de donuts pelos americanos, chega ao mercado nacional proveniente da Espanha, Califórnia e Itália, mas as variedades não atendem à baixa necessidade de frio.

Após cerca de 20 anos de estudos, a pesquisa agropecuária brasileira está perto de entregar aos consumidores um pêssego chato apropriado às condições de cultivo locais. O problema é que a fruta tende a ser pequena. Entretanto a ideia é atender a um mercado especial: o infantil. “Obtivemos resultado animador nas primeiras degustações feitas com crianças, sendo ainda necessário realizar outros testes junto aos produtores”, diz a pesquisadora.

O gerente local do Escritório de Negócios de Campinas, Fernando Matsuura, lembra que a Embrapa Transferência de Tecnologia, juntamente com as Unidades Descentralizadas Pesquisa da Empresa, estão ampliando esforços para que espécies e cultivares de frutas, forrageiras, florestais e hortaliças, além dos grãos, cheguem com mais rapidamente ao mercado.

Rotulagem – Mas um problema que não afeta apenas o segmento de pêssegos pode distanciar o consumidor final dos resultados da pesquisa em frutas e hortaliças: a falta de rotulagem. “Existem, por exemplo, 200 cultivares de tomate no mercado. Como o consumidor vai saber o que está levando?”, questiona a chefe do Centro de Qualidade em Horticultura da Ceagesp, Anita de Souza Dias Gutierrez.Segundo diz, a rotulagem para mercado externo atende todas as normas, mas só 2% do que se produz de frutas e hortaliças é exportado.

Para Ciro Scaranari, no caso das variedades de pêssego, é fundamental que o consumidor final saiba o que está levando para casa. “O produto tem de estar corretamente identificado, e não estou falando da marca da distribuidora ou do supermercado, mas da variedade”, finaliza.

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Embrapa

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